“É missão de todos/as nós, Deus nos
chama e quero ouvir a sua voz...”
A realidade gritante do Tráfico de Pessoas é
um apelo constante em nossa vida. É missão de todos/as nós sermos semeadores/as
de Vida onde ela está mais ameaçada. A realidade das pessoas migrantes,
refugiadas e traficadas, com suas vidas em alto risco de morte, nos interpela a
não ficar indiferentes diante dela, como nos alertou em repetidas ocasiões o
Papa Francisco.
Na matéria da Agência Ecclesia do 26.10.2016, referente a uma audiência pública,
ele defendeu o fim dos “muros” para
as pessoas que se veem forcadas a migrar em procura de melhoras condições de
vida, pelas mais diversas situações de exclusão vem sendo produzindas por meio do capitalismo, que se tornou pior logo após a Segunda Guerra Mundial e hoje cria explorações ainda mais sofisticadas. O Papa, mais uma vez, nos deixa um alerta para o Tráfico de
pessoas. Ele ainda quebra os muros da indiferença com ações concretas. Na
mesma matéria ele firma um compromisso: “O
Vaticano acolhe, a partir de hoje, um encontro do Grupo Santa Marta, que inclui
representantes da polícia, bispos, religiosas e representantes da sociedade
civil, para um debate sobre a luta contra o tráfico de seres humanos”.
Nessa
audiência pública “o Papa Francisco falou das duas obras de misericórdia que
convidam à solidariedade com “o estrangeiro” e com“quem está nu”. Ele trouxe à tona o sentido dessa nudez, não só olhando, mas deixando-se tocar pela
realidade do tráfico de pessoas e outros meios geradoras dela: ... “A nudez pode significar também a “dignidade
perdida”, dando como exemplos “as mulheres vítimas de tráfico, atiradas para a
rua”, o uso do “corpo humano como mercadoria”, incluindo o das crianças, a
falta de salário “justo” ou a discriminação em função da raça ou da religião”.
Em fidelidade
ao chamado de Deus e do Papa Francisco, a Rede Um Grito pela Vida -RUGPV continua sua missão de alertar
contra o Tráfico de pessoas nas escolas. Nesse sentido, prosseguiu com o trabalho que iniciou no mês de agosto na
Escola Kennedy, da Vila Formosa, com o grupo de professores/as.
Do dia 04.10.2016
ao dia 14.10.2016, as participantes do
Núcleo da Rede de São Paulo realizaram a grande
“Pós-olimpíada” de prevenção do tráfico
com a metodologia de oficinas, utilizando vídeos, a cartilha “Na trilha de
Maria”, linguagens artísticas (música, artes plásticas, encenação, entre outras) com o objetivo de sensibilizar alunos/as
dessa escola sobre a realidade do
abuso sexual infantil e do tráfico de pessoas.
Vale
salientar alguns destaques deste
processo:
· A maioria
dos/as alunos/as conheciam do tráfico e
do abuso sexual infantil porque lhes contaram ou leram e poucos/as por convites
que tiveram. Uma grande parte dos/as que formam o corpo discente da escola, conhecia
a realidade do tráfico de pessoas através da novela “Salve Jorge” da Rede Globo
(2014);
· Houve interesse,
sobretudo dos/as alunos/as do 6° ano, de levantar questionamentos, aprofundar
mais e levar a informação para suas famílias. No dia seguinte, vários/as deles/as se aproximaram para dizer: “Eu contei à minha
família do que se falou na oficina e me escutaram com muita atenção.” “ Eu
pesquisei em vários sites e encontrei
mais informações. Como é bom conhecer e dar-se conta que o tráfico de pessoas
não está longe de nós”.
· A
internalização como “algo natural” dos estereótipos do que é masculino e
feminino legitima e reproduz a submissão e subordinação das mulheres e os homens a acreditam que
têm esse poder. Isso ficou bem explícito
na análise e debate a partir de canções
de Funk com os 7°, 8° e 9° ano.
· Encontramos situações de crianças que manifestaram ter tido convites para serem abusadas; nos grupos para Educação de Jovens e Adultos (EJA) duas pessoas que estiveram
em situação de trabalho escravo e condições análogas à escravidão. Uma delas
deu o depoimento diante do grupo. Foi um grande impacto ter esta realidade tão próxima.
Ressaltamos que a Rede se comprometeu a fazer um
acompanhamento delas.
· Uma das
professoras, ao receber a sensibilização, constatou que uma amiga estava sendo
aliciada pelo facebock, repassou dita informação para ela e a mesma desistiu
desse relacionamento pela internet.
Em conclusão, é
bom dizer que a graça de Deus e o compromisso firme no enfrentamento ao tráfico
de pessoas falaram mais alto. Três religiosas,
um leigo e dois parceiros/as da Rede conseguiram abranger quase 700 pessoas
desta Escola. As famílias ainda serão sensibilizadas.
A avaliação
com o Conselho aconteceu no dia 31.10.2016, no local da Escola. A seguir, alguns
dos aspectos mais relevantes:
·
Valorização
do trabalho da Rede Um grito pela vida quanto à prevenção ao tráfico e ao abuso
sexual infantil;
· Proposta de
dar continuidade ao trabalho formando um grupo
de multiplicadores/as. A Escola fará o convite a professores/as, pais e
mães de alunos/as. A Rede fará o treinamento;
· Um tema
muito atual que está afetando a vida de muitas crianças, jovens e adolescentes;
· Uma mãe
presente na reunião colocou que os filhos/as foram contar para ela tudo o que
tinha ouvido das irmãs. Diz ainda que algumas coisas eram iguais ao que a mãe
dela lhe falava, mas que só agora conseguiu prestar atenção.
Por Ir. Manuela
Rodríguez Piñeres(OSR)- Rede Um Grito pela Vida – SP