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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

JUVENTUDE COM DIREITO A SABER, A SONHAR E A TER UMA VIDA MELHOR


“A Juventude precisa saber” é o nome do Projeto nas Escolas e Organizações Sociais a se realizar em diferentes regiões da Cidade de São Paulo. A primeira experiência começa a se efetivar em São Mateus (Zona Leste) e visa sensibilizar a Juventude para a  prevenção ao tráfico de Pessoas.




O Projeto foi pensado e rascunhado a partir da avaliação do evento pelo dia 23 de setembro do ano 2014, ocasião em que se constatou que o núcleo da Rede Um grito pela Vida- SP mais do que fazer ações pontuais, precisava focar em ações importantes e que é considerassem processos com inicio, meio, conclusões, recomeços e renovações. Como o Núcleo SP conta, dentre suas parcerias mais sólidas, com o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto - Bompar, e a participação ativa na Rede do leigo Gilson, com o apoio respaldo da entidade, tem contribuído para a gestação deste projeto que abre novas janelas de vida e esperança para a juventude destas áreas geográficas.

Durante este ano continuou-se a aprofundar o Projeto em algumas das reuniões do Núcleo a fim de que o mesmo passasse da letra para a concretização. E assim foram se dando vÁrios passos para estabelecer a articulação com as escolas e as Unidades do Bompar.

Depois deste trabalho de articulação se escolheu uma das Unidades Socioeducativas do Bompar, o Tabor, localizado no bairro Jardim São Gonçalo. No Tabor o Projeto foi lançado a partir de uma Roda de conversa prévia com jovens que se dispuseram voluntariamente a participar. A mesma concretizou-se no dia 28/09 das 9h as 11h30 min, com o intuito de preparar o seminário agendado para o dia 30 de setembro. Participaram 27 jovens. Foi apresentado o Projeto e trabalhado o tema de tráfico de pessoas a partir dos saberes, dos sonhos de cada participante e com o debate de um vídeo.

Antes de encerrar atividade, já que os/as jovens ficaram empolgados/as, se fez a proposta de se tornarem multiplicadores/as, sensibilizando a outros/as jovens sobre a realidade do tráfico de pessoas, através da arte. Aderiram à proposta formando grupos de artes plásticas, dança, teatro, literatura, música e esportes. A proposta é que no seminário, onde participarão mais jovens, os novos possam inserir-se nestes grupos artísticos. Os jovens da Roda terão a importante missão de realizarem a acolhida do Seminário e, já por dentro da proposta, realizar o convite à ação artística e motivar o grupo novo.

No evento do seminário, contaremos com a assessoria de Claudia Patrícia Luna e com outros/as e outras jovens que contribuirão com música e experiencias de sua caminhada juvenil em outros grupos ou organizações.

 O seminário se fez realidade

O seminário aconteceu o dia planejado com a participação de 230 pessoas aproximadamente, na sua maioria jovem, na unidade sócio educativa Tabor nomeada acima.

Iniciou-se com a acolhida e inscrições feitas pelo grupo da roda de conversa de segunda feira. Logo após das inscrições e café da manhã, abriu-se o evento com um momento de mística tendo como motivação, o Pai Nosso dos Mártires. A seguir Ir. Manuela Rodríguez (OSR) Núcleo da Rede Um Grito pela Vida.  – SP, fez uma saudação às pessoas presentes e apresentou a Rede. Gilson repassou a origem do projeto “A juventude precisa saber”.

A continuação foi apresentada a parceria da rede no Núcleo SP, Claudia Patrícia Luna, do Movimento Nacional contra o Tráfico de Pessoas (MTP) e do grupo “Elas por Elas”. Claudia se apresentou para os/as jovens partindo de sua realidade cotidiana e simpatizando com eles/as: “Quem são do fank, quem são do pagode...” e todas/os ficaram bem empolgados/as, expressando sua alegria e sintonizando com ela.













Para motivar ainda mais, foi colocado o documentário “Desperte para esta realidade” da Campanha Coração Azul.

Retomando alguns aspectos que saíram no documentário e, sobretudo, partindo da realidade juvenil atual, Claudia começou a desenvolver sua palestra fazendo questão dos sonhos que as/os jovens tem e do desejo de uma vida melhor. Frisou como os/as aliciadores/as se apropriam desses sonhos para levar uma proposta enganosa, mas com aparência de um paraíso na terra. Foi avançando na reflexão junto com o grupo, destacando que o tráfico é um comércio de vidas. Que a Lei da Redução da Maioridade Penal pode ser uma grande oportunidade para que as redes de tráfico de pessoas  explorem jovens, tanto homens como mulheres. Atrelado ao tema dessa Lei salientou que, se fossem garantidos os direitos a: saúde, educação, lazer, trabalho, cultura, entre outros, não haveria entrada para os/as traficantes de seres humanos. Precisa-se fazer acontecer as Políticas Públicas.

Outro tema que trouxe a tona, relacionado com o cotidiano da juventude, foi à utilização das Redes Sociais pelas redes criminosas de Tráfico. Alertou os/os jovens para a prática de compartilhar fotos, como é esse processo até chegar ao lado sombrio e profundo da internet, onde podem cair no poder das redes do Tráfico de pessoas. E como é uma rede bem organizada e articulada, chega até a comunidade o bairro onde esse/a jovem mora com o propósito de fazer seu aliciamento, sobretudo, de modelos, dançarinas, para escolas de futebol, que na maioria dos casos, terminam na exploração sexual ou no tráfico de órgãos. Quanto ao tráfico de órgãos trouxe exemplos de Hospitais de São Paulo que, _ainda, estão em investigação, tem esquema de venda de órgãos. Além deste tipo de tráfico, na área da saúde, Claudia ilustrou sua fala com um caso de venda de crianças, a través do recrutamento nas comunidades e bairros, de adolescentes grávidas as quais acabam recebendo só uma mínima parte do dinheiro, ficando com o valor maior tanto a intermediária/o como a chefia da rede de tráfico.  Também complementou sua palestra com outros casos.

Trouxe também para o grupo a realidade da exploração no trabalho infantil explicando as diferentes formas existentes.

Também deixou claro que o alicerce deste comercio de vidas é a falta de respeito as pessoas, destacando que, cada pessoa  tem valor, é sujeito de direitos, é imagem do Criador. No tráfico são tratadas como coisas, como mercadoria. As pessoas são mais que essas quadrilhas. Em síntese estes foram os temas repassados por Claudia.

Após um intervalo para o lanche e de realizar o sorteio de alguns livros, o grupo foi convidado a um cochicho com os/as próximos/as.

Daí surgiram às questões para o debate. Vale salientar que foram muito pertinentes profundas e de um alto grau de criticidade que revelam quanto o grupo está ligado e motivado com o tema. As perguntas focaram-se na realidade migratória de pessoas estrangeiras nesta conjuntura do Brasil, as políticas públicas, os critérios para diferenciar uma promessa lícita de uma enganosa, a situação na que volta uma pessoa que foi traficada, como lidar com a questão dos intercâmbios para estudos no exterior, dentre outras. O debate fluiu e Claudia foi respondendo as perguntas do grupo com grande qualidade e paixão pela causa.

Para encerrar o seminário o Gilson convidou fazer uma roda e nos olhar e abraçar depois deste tempo compartilhando vida e reflexão. Ir. Manuela expressou o agradecimento às pessoas da Unidade Socioeducativa Tabor e entregou um certificado de reconhecimento e parceria para a mesma, nas mãos de uma pessoa da Coordenação Pedagógica e de um aluno.

O projeto “A juventude precisa saber” nos desafia e nos impulsiona a aguçara criatividade.Por isso com determinação e garra continuamos abraçando esta causa, a de lutar e, se preciso gritar pela vida ameaçada da juventude da Zona leste de São Paulo, vulnerável como outras, ao tráfico de Pessoas.

Sendo cientes que, a revolução que faz parte de nosso compromisso com esta realidade, tem sua sustentação nas palavras do Papa Francisco: “Nossa revolução passa sempre pela ternura, pela alegria que sempre se torna proximidade e compaixão e leva a se envolver e a servir a vida dos/as outros/as “(Papa Francisco na última missa de sua passagem em Cuba - Folha de São Paulo, 27.09.2015.)

Vale ressaltar que este evento foi realizado também por motivo da comemoração do Dia Internacional contra a exploração sexual de mulheres e crianças, 23 de setembro.

Ir. Manuela Rodríguez Piñeres (OSR) e Gilson Reis (Leigo Bompar)

(Rede um Grito pela Vida - Núcleo SP)

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