Cerca de 140 pessoas vindas dos
municípios de Assis Brasil, Epitaciolândia, Brasiléia, Senador Guiomard e
Tarauacá (AC); Porto Velho (RO); Cobija,
La Paz e Riberalta (Bolívia); Iñapari, Ibéria e Porto Maldonado (Peru)
acolheram o convite e participaram do II CONGRESSO INTERNACIONAL DE
ENFRENTRAMENTO AO TRÁFICO HUMANO, que aconteceu dos dias 10 a 12 de agosto de
2016, em Rio Branco/AC. Dentre as/os convidados, se fizeram presentes diversas
autoridades civis e religiosas dos três países, tais como: Bispo de Riberalta
(Bolívia), Sub Prefecta do Departamento Tahuamano; Red Kauzai (Peru), Núcleo da
Rede Um Grito pela Vida de Porto Velho; Comitê Estadual de Enfrentamento ao
Tráfico de Pessoas (Acre); Polícia Federal, Polícia Civil e muitas secretarias
estaduais e municipais com afinidade ao tema, diversos Padres e Seminaristas
maiores da Diocese de Rio Branco e um número significativo de Religiosas do
núcleo de Rio Branco.
O II Congresso teve por objetivo consolidar o trabalho desenvolvido pela Rede “Um Grito pela Vida” na prevenção e incidência política em relação ao Tráfico de Pessoas. Durante o encontro os temas discutidos foram: os “Direitos da Mulher também são Direitos Humanos”; “Empoderamento da Mulher e Sustentabilidade”, palestras proferidas por Irmã Margareth Mayce, Dominicana, representante da Sociedade Civil na Organização das Nações Unidas – ONU. O tema “Quem é esta Mulher” foi desenvolvido por Alieth Gadelha, escrivã da Polícia Federal do Estado do Acre.
No primeiro dia, Irmã Margareth abordou o tema: “Direito das Mulheres também são Direitos Humanos”.
É importante ter presente que os direitos humanos são resultado de lutas e embates políticos e estão sujeitos a avanços e retrocessos. Observa-se, ao longo da história, e ainda hoje, que determinadas classes e grupos sociais tem sido relegados a cidadãos de segunda categoria com menor acesso aos direitos vigentes naquela sociedade, seja em seu aspecto normativo, seja em seu exercício. Direitos são conquistados e esta conquista tem percorrido um caminho cheio de idas e vindas, avanços e recuos. Através da ação política da sociedade civil, o conceito de direitos humanos vem sendo ampliado, incorporando questões ligadas a gênero, raça e etnia, meio ambiente, violência doméstica, reprodução e sexualidade. Os direitos civis, políticos e sociais também vem sendo reformulados, incorporando novas dimensões.
Em 1995 aconteceu
em Pequin a quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres. “E a transformação fundamental foi o reconhecimento da necessidade de mudar o foco da mulher para o conceito de
gênero, reconhecendo que toda a estrutura da sociedade, e todas as relações
entre homens e mulheres dentro dela, tiveram que ser reavaliados. Só por essa
fundamental reestruturação da sociedade e suas instituições poderiam as
mulheres ter plenos poderes para tomar o seu lugar de direito como parceiros
iguais aos dos homens em todos os aspectos da vida. Essa mudança representou
uma reafirmação de que os direitos das mulheres são direitos humanos e que a
igualdade de gênero era uma questão de interesse universal, beneficiando a
todos.”
“Enquanto as mulheres e meninas não puderem desfrutar de seus direitos, todas nós sofremos e o REINO DE DEUS não acontece” (Margareth).
Já no segundo dia o tema refletido
foi “Empoderamento da Mulher e Sustentabilidade”. Entre os diversos aspectos
levantados foram os Princípios do Empoderamento das Mulheres a partir da ONU
Mulheres:
- Estabelecer lideranças coorporativas de alto nível para a igualdade de gênero;
- Tratar todos os homens e mulheres de forma justa no trabalho – respeitar e apostar nos direitos humanos e da não discriminação;
- Garantir a saúde, a segurança e o bem estar de todos os trabalhadores e trabalhadoras;
- Promover a educação, a formação e o desenvolvimento profissional de mulheres;
- Implementar o desenvolvimento empresarial e as práticas de cadeia e suprimentos de marketing que empoderem as mulheres;
- Promover a igualdade através de iniciativas e defesa comunitárias;
- Mediar e publicar os progressos para alcançar a dignidade de gênero.
“O feminino é necessário em
todas as expressões da vida social; por isso deve ser garantida a presença das
mulheres também no âmbito do trabalho e nos vários lugares onde se tomam as
decisões importantes, tanto na Igreja como nas estruturas sociais” (Papa
Francisco - EG 103).
No
terceiro dia Alieth, apresentou casos reais de mulheres de Rio Branco que tem seus
direitos humanos violados e o que o Estado está tentando fazer para punir e
coibir os agressores.
Por fim,
houve breve relato de experiências dos grupos que tem como objetivos o
enfrentamento do tráfico humano para tentar sanar as lacunas apresentadas nos
direitos das mulheres e que proposta apresentam no combate e enfrentamento ao
tráfico de pessoas. A partilha se deu por parte da Red Kauzai; Pastoral da
Mobilidade humana de La Paz; Comitê estadual de enfrentamento ao tráfico de
pessoas, Comitê Trata de Personas do Peru e Rede um Grito pela Vida.
Durante
duas tardes do Congresso foram oferecidas oficinas assessoradas por Irmã Chiara
e Laissa do Núcleo de Porto Velho. Uma oficina teve como tema “Brincando e
Aprendendo” (Jogo – Jogue a favor da Vida) e “Tecendo Redes” (vídeos e
Cartilhas).
O
congresso foi avaliado como um momento impar para os três países, pela relevância
do tema, assessoria qualificada e por toda a organização do evento.
Obs.: As
palestras de Irmã Margareth serão traduzidas e oportunamente publicadas.
Irmã Isabel do Rocio Kuss – CF
Articuladora da Rede/Núcleo de Rio Branco
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