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sexta-feira, 24 de julho de 2020

CNBB realiza mobilização contra o tráfico de pessoas

Campanha “Quanto vale a vida?” denuncia a violação humana que sofrem as vítimas do tráfico de pessoas e pretende sensibilizar Igreja e sociedade.


Entre os dias 26 e 30 de julho, a Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realiza a campanha “Quanto vale a vida?”. O objetivo é mobilizar e sensibilizar a Igreja do Brasil, assim como toda a sociedade brasileira, para o enfrentamento ao tráfico de pessoas na semana do Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, 30 de julho. A campanha também pretende chamar a atenção do poder público para a promoção e inclusão social das vítimas e a garantia de seus direitos.

Durante a semana serão lançados dois vídeo, spot para rádio e materiais informativos sobre o tema relacionado ao tráfico de mulheres, crianças e migrantes. No dia 29, haverá uma livre com as participações de dom Evaristo Pascoal Spengler e Irmã Eurides Alves de Oliveira, ambos da Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento do Tráfico Humano e Roberto Marinucci, do Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios. A transmissão será pelas redes Sociais da Cáritas Brasileira. também nesse dia a Comissão convida para a realização de um gesto concreto: acender uma vela e, em oração, fazer um minuto de silêncio pelas vítimas do tráfico de pessoas. Pede-se que tire uma foto da luz e publique em suas redes sociais com as hashtags: #TraficoHumanoNão e #Endhumantrafficking #CNBB.

Diante da gravidade desse crime, a Comissão pede uma atuação firme das instituições públicas, para que haja um efetivo combate a esse mal e a punição de agentes criminosos.
O tráfico humano desumaniza e transforma as pessoas em objetos, arrancando-lhes a dignidade e a liberdade, dois direitos essenciais. O tráfico de pessoas tem várias finalidades, como a exploração sexual, o trabalho escravo, o trabalho doméstico, a comercialização de órgãos e a adoção ilegal, entre outras. A maioria das vítimas do tráfico de pessoas identificadas no mundo é composta por mulheres, crianças e adolescentes, aliciadas para a exploração sexual. Em segundo lugar, vem a finalidade do trabalho escravo.

O papa Francisco atribui enorme importância ao drama de milhões de pessoas – homens, mulheres e crianças –, que são objeto de tráfico e outras formas de escravidão contemporânea. O tráfico de pessoas, afirma Francisco, é um flagelo “atroz, uma chaga”. Segundo o papa, não se pode responder ao tráfico de pessoas apenas com “compromissos solenemente assumidos”. “Devemos ter cuidado com as nossas instituições – e na verdade com todos os nossos esforços – para que sejam realmente eficazes na luta contra estes flagelos”. 
O tráfico de pessoas contraria a ideia de que “Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância” (Jo 10,10).

História de uma sobrevivente

A história de Jucilene mostra a violência da situação. Abusada e explorada sexualmente por um parente próximo, dos 10 aos 18 anos, foi expulsa de casa quando o denunciou. Aos 27 anos, apareceu uma oportunidade para que sua vida mudasse. Surgiu na porta da escola onde cursava o Técnico em Enfermagem uma proposta irrecusável: trabalhar no exterior, aprender um novo idioma e crescer profissionalmente. Ela aceitou o convite para mudar-se a Roma, Itália. 

Cerca de 30 dias depois do convite, ela embarcou e aterrissou em um pesadelo. “Quando chegamos ao apartamento em Roma, abriu a porta, entramos e ele a trancou. Estávamos sozinhos em um quarto escuro e abandonado. Quando me virei, ele segurava um revólver. Pegou meu passaporte, me espancou, me estuprou.”

Começava o trabalho escravo para a jovem. Por cerca de três meses, foi abusada sexualmente por seu aliciador, e, à noite, era negociada com outras meninas, nos “clubes” de Roma. “As meninas ficavam em fila, e os clientes olhavam por um buraco, escolhiam e íamos para os quartos que nem tinham camas, nada. Era no chão mesmo, era assustador o que faziam com a gente”, conta Jucilene que se via obrigada a injetar drogas nas demais meninas e em si mesma, para que pudessem suportar as diferentes formas de exploração sexual a que eram submetidas. Se quiser saber mais sobre a história acesse aqui https://bit.ly/3ji80dv. Ela concedeu a entrevista em 2013, mas até hoje ela sofre as consequências desse crime.

Por Alessandra Miranda - CNBB

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