“O
tráfico de pessoas é um crime contra a humanidade. Temos que unir forças para
libertar as vítimas e para deter este crime cada vez mais agressivo” – vigorosa
denúncia e apelo do Papa Francisco, ao receber, nesta quinta-feira de manhã, 17
novos Embaixadores junto da Santa Sé que lhe apresentaram as respectivas Cartas
Credenciais. Oito destes diplomatas provêm do continente africano: Argélia,
Burkina Faso, Burundi, Cabo Verde, Lesoto, Serra Leoa, Uganda e Zâmbia. Cinco
representam países europeus: Dinamarca, Islândia, Malta, Noruega e Suécia. Os
restantes são da Ásia e Médio Oriente: Jordânia, Kuwait, Paquistão, e ainda o
Representante Permanente da Palestina. Uma vez que não residem permanentemente
em Roma, foram recebidos conjuntamente, como manda o protocolo.
O
Papa começou por se congratular com as múltiplas iniciativas que a comunidade
internacional mantêm para promover a paz, o diálogo, as relações culturais,
políticas e económicas, e para socorrer as populações a braços com diversas
dificuldades. E foi neste contexto que propôs à consideração de todos uma
questão que – disse – o “preocupa muito e que ameaça a dignidade das pessoas –
o tráfico de seres humanos”:
“É
uma verdadeira forma de escravatura, infelizmente cada vez mais difundida, que
afeta todos os países, mesmo os mais desenvolvidos, e que toca as pessoas mais
vulneráveis da sociedade: mulheres e raparigas, crianças, pessoas com
deficiência, os mais pobres e quem provém de situações de desagregação familiar
e social”.
Trata-se
de pessoas em que “nós, cristãos, reconhecemos o rosto de Jesus Cristo, que se
identificou com os mais pequenos e necessitados”. E “outros que não têm como
referência uma fé religiosa, em nome da humanidade comum partilham a compaixão
pelos seus sofrimentos, com o empenho de os libertar e de aliviar as suas
feridas”. Todos se devem unir para enfrentar a situação, libertar estas pessoas
e “pôr cobro a este horrível comércio”, que envolve milhões de vítimas de
trabalho forçado, da escravatura de pessoas como mão de obra ou para exploração
sexual”.
“Isto
não pode continuar… Não se pode permitir que estas mulheres, estes homens,
estas crianças, sejam tratados como objectos, enganados, violentados, muitas
vezes vendidos repetidamente, com diversas finalidades, e finalmente mortos ou
pelo menos destruídos no corpo e no espírito, acabando postos de lado e
abandonados. É uma vergonha”.
Sublinhando
que se trata de um crime contra a humanidade, o Papa pediu que se unam
esforços, para deter este crime que, para além das pessoas, ameaça os próprios
valores fundantes da sociedade e mesmo a segurança e a justiça internacionais,
assim como a economia, o tecido familiar e a rede das relações em sociedade.
Foto:
Embaixadores recebidos por Papa Francisco (foto de arquivo)
O
novo Embaixador de Cabo Verde junto da Santa Sé, Antero Veira, acumula este
cargo com o de Ministro do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território
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