sábado, 6 de fevereiro de 2021

Ir. Valmi Bohn: “Na pandemia, as vulnerabilidades sociais aumentaram imensamente”


No dia 8 de fevereiro, festa de Santa Bakhita, é celebrado o Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, que neste ano tem como tema “Economia sem Tráfico de Pessoas”. Com motivo dessa data, Adriana Ribeiro no programa “Arquidiocese em Notícias”, da Rádio Rio Mar, entrevistava a irmã Valmi Bohn, coordenadora nacional da Rede um Grito pela Vida.

Segundo a irmã Valmi, a Rede um Grito pela Vida é um grupo de mulheres e homens que trabalham na prevenção do tráfico humano. O início dos trabalhos no Brasil aconteceu em 2007, a partir do pedido da assembleia da União Internacional das Superioras Gerais – UISG, acontecida em 2006. No início, a rede estava formada por um grupo de religiosas e religiosos e depois foram chegando as leigas e os leigos, segundo sua coordenadora nacional.

A religiosa da Divina Providência, afirma que “o principal objetivo da rede é conscientizar, sensibilizar, prevenir as pessoas sobre os graves problemas do tráfico humano, em especial os jovens e crianças, as mulheres, também os homens, no que faz referência ao trabalho escravo”, insistindo em que “nosso compromisso é enfrentar o tráfico humano através dessa prevenção”. Trata-se de uma rede da qual podem participar todas as pessoas, que tem muitos parceiros na sociedade civil e no âmbito governamental.

A Rede um Grito pela Vida está em Manaus desde 2010 e atualmente tem extensões do núcleo em Itacoatiara, Tefé, Borba e Anori. Segundo a irmã Valmi Bohn, está sendo estudado a possibilidade de começar em outros lugares depois da pandemia, quando seja possível fazer a formação com o pessoal que quiser participar. A pandemia tem condicionado o trabalho da rede, que agora é mais virtual. “Antes da pandemia a rede tem trabalhado muito com palestras sobre o tráfico humano nas escolas, comunidades católicas e evangélicas, grupos de migrantes, indígenas, mulheres, casais, campanhas nas ruas, nos terminais de ônibus...”, segundo sua coordenadora nacional.

No mês de fevereiro a intenção de oração do Papa Francisco é sobre as mulheres vítimas da violência, para que sejam protegidas pela sociedade e seus sofrimentos sejam considerados e escutados. Segundo a irmã Valmi, “uma de cada três mulheres já sofreu violência, infelizmente é uma realidade muito cruel, existe”. Ela insiste em que “diante da pandemia, as vulnerabilidades sociais aumentaram imensamente, e quem mais sofre as consequências são exatamente as crianças, os jovens e as mulheres que estão vivendo em casa, no seu isolamento, e muitas dessas violências não aparecem”.

Ao falar sobre o Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas e o tema dessa jornada, “Economia sem Tráfico de Pessoas”, a religiosa lembra que Santa Bakhita foi sequestrada aos 9 anos e foi vendida para a escravidão. Segundo ela, “o tema lembra que o modelo económico dominante no mundo é uma das principais causas do trafico humano. Uma economia sem tráfico é um convite que está sendo feito para promover novas experiências de economia que possam ajudar a superar todas as formas de exploração”.

A irmã Valmi denuncia que “existem problemas estruturais, como o desemprego, a fome, o recorte dos gastos públicos, que aumentam o risco de tráfico de pessoas, especialmente nas crianças, mulheres e jovens mais vulneráveis a serem sometidos a esses trabalhos desumanos e à escravidão”. Essas realidades tem se enfatizado no tempo da pandemia, em que “está aumentando muito o desemprego, a fome, a miséria, fazendo que os ricos sejam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, aumentando o número de pessoas vulneráveis ao tráfico de pessoas”, insiste a coordenadora nacional da Rede um Grito pela Vida.

Para o dia 8 de fevereiro está prevista uma programação a nível nacional e internacional, no Brasil existem 28 núcleos da Rede um Grito pela Vida, afirma a irmã Valmi. O núcleo de Manaus vai organizar uma live de oração, às 16 horas (acesse aqui), que vai contar com a presença de Dom José Albuquerque, bispo auxiliar de Manaus, e uma eucaristia, às 19 horas, no horário de Manaus (acesse aqui). Os dois momentos no formato virtual, que podem ser acompanhadas no facebook. As pessoas também podem acender uma vela ou fazer uma oração especial para que termine o tráfico de pessoas, segundo a irmã Valmi Bohn.


Pe. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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