domingo, 29 de outubro de 2017
Manifesto de contestação à portaria do Trabalho Escravo - Rede Um Grito pela Vida
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TRÁFICO DE PESSOAS
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
Rede um Grito pela Vida, sinal profético numa sociedade que não respeita a vida de ninguém
Pe. Luis Miguel Modino
O compromisso com o Reino, que nos leva a lutar por um mundo melhor para todos e todas, deve ser uma prioridade que surge do batismo. Respondendo a essa responsabilidade e movida por esse desejo, a vida religiosa no Brasil criou, há 10 anos, a Rede um Grito pela Vida, no intuito de enfrentar e combater o Tráfico Humano.
O compromisso com o Reino, que nos leva a lutar por um mundo melhor para todos e todas, deve ser uma prioridade que surge do batismo. Respondendo a essa responsabilidade e movida por esse desejo, a vida religiosa no Brasil criou, há 10 anos, a Rede um Grito pela Vida, no intuito de enfrentar e combater o Tráfico Humano.
Em Brasília, de 19 a 22 de outubro, se reuniram 70 religiosas, religiosos e leigas para celebrar a primeira década de existência da Rede, avaliando a trajetória percorrida
até agora e projetando o caminho a seguir no futuro, elegendo a nova equipe de
articulação nacional e das diferentes regiões.
Rede Um Grito pela Vida |
A situação que o mundo e o país vivem, na qual o domínio do sistema neoliberal tem nos levado a uma situação em que não se respeita a vida de ninguém, com perda de direitos e das políticas de inclusão social, tem como consequência o aumento do Tráfico Humano em todas as suas dimensões.
Neste contexto, a
Rede, organizada “a partir da fé em Deus e do amor à vida”, em palavras de Frei
Carlos Mesters, atualmente conta com mais de 200 religiosas e religiosos e 75
leigas e leigos, que fazem parte de uma centena de Congregações espalhadas em
quase todos os estados do país, e tem crecido crescido consideravelmente, mesmo com a falta de recursos e recordando que no começo eram apenas 28
pessoas. Aos poucos, a Rede foi ganhando em
visibilidade e incidência sociopolítica, fruto de um processo
de formação cada vez maior, mesmo que ainda falte o reconhecimento explícito em muitos
ambientes eclesiais.
Ir. Barbara Furgal |
A irmã Bárbara não duvida em afirmar que devemos ser conscientes e ressalta: “sempre temos mil e uma ideias
para resolver as situações, mas acredito que é preciso estar perto do povo, caminhar
juntos, ouvir o povo, pois tudo começa por aí, acompanhar vários momentos que fazem
parte da vida do povo com quem trabalhamos, nos aproximarmos”.
Padre Mario Geremia C.S |
Mario Geremia, religioso scalabriniano, referencial do Núcleo do Rio de Janeiro,
afirma que a chegada do Papa Francisco tem sido “um grande ar de renovação e um
respiro para a vida religiosa e, sobretudo, a confirmação de nossa fé nas causas
mais evangélicas e sociais em que estávamos, pois até então não tínhamos apoio,
confiança, acompanhamento. Com o Papa Francisco nos sentimos apoiados, com muita
confiança e, sobretudo, confirmados na fé”.
Dom Enemésio Lazzaris |
Um dos
objetivos da Rede é ajudar a sociedade a tomar consciência da problemática do tráfico de pessoas. Nesse ponto, Denise Morra, Missionária do Sagrado Coração de Jesus,
Cabrini, que realiza seu serviço pastoral em Teresina, falando sobre a
incidência da Rede um Grito pela Vida na sociedade brasileira, reconhece sua
importância “na defesa da vida através das diferentes colaborações que vai
estabelecendo, particularmente no combate do Tráfico de Pessoas, se tornando
reconhecida pelos agentes sociais, pelos movimentos políticos e pelas políticas
públicas, aspecto em que temos crescido muito”.
Ir. Denise Morra |
Por isso, vê necessário a “formação nas escolas, associações, paróquias e nos abrirmos diante das forças
que se têm nos CRAS e CREAS, e principalmente, sair de dentro da Igreja com uma
linha mais ecumênica”.
Frei Luiz
Carlos Batista, agostiniano, Articulador do Núcleo da Região Sul, formador de
sua Ordem em Curitiba, diz que o trabalho na Rede “é uma forma de sair da minha zona de
conforto para as periferias existenciais, uma atuação profética, pois como
religiosos temos uma vida muito segura, comparada com a maioria das pessoas, em
seu dia a dia na sociedade. Nós temos nossos planos de saúde, carro para nos
locomover, estudo, viagens, conhecemos línguas e países. Muitas vezes, a maioria
do povo não tem e, entre eles, está uma enorme quantidade de pessoas que, na busca de um
trabalho, de uma oportunidade na vida, acaba caindo nas redes do tráfico de pessoas, onde
os sonhos de jovens e crianças podem se tornar uma armadilha”.
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domingo, 22 de outubro de 2017
Entenda o que muda com a nova portaria sobre o trabalho escravo - Brasil de Fato
De acordo com Ministério Público do Trabalho, as alterações se sobrepõem à lei penal brasileira.
Lilian Campelo
Brasil de Fato | Belém (PA)
,
Mesmo que um trabalhador seja encontrado em condições degradantes a dignidade humana, se ele não estiver impedido de ir e vir, tal situação não irá caracterizar que ele esteja em condições de trabalho análogo à escravidão. É o que quer dizer o ministro do trabalho, Ronaldo Nogueira (PTB), por meio da Portaria nº 1.129, publicada na segunda-feira (16) no Diário Oficial da União.
A medida alterou o conceito de trabalho escravo, o que para o procurador Roberto Ruy Netto, da Coordenadoria Regional de Combate ao Trabalho Escravo do Ministério Público do Trabalho no Pará, não cabe ao ministro fazer alterações de cunho jurídico. Para ele, a medida se sobrepõe a própria legislação nacional.
“O ministro do trabalho, além de não ter essa atribuição pela Constituição, ele, ainda assim, está tentando regulamentar uma matéria que é de direito penal e que não tem nada a ver com a pasta dele. Então, ele está tentando alterar um conceito legal que já está definido no Código Penal, que é o artigo 149 onde a gente tem o conceito do que é o trabalho análogo ao do escravo”, explica Netto.
O artigo 149 define quatro elementos que caracterizam o trabalho análogo à escravidão: quando a pessoa se encontra em condições de trabalho degradantes; jornada exaustiva; trabalho forçado e servidão por dívida.
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Eleita nova coordenação de articulação nacional da Rede Um Grito pela Vida
Pe. Cláudio Ambrosio, Ir. Ana Belén Veríssimo Garcia e ir. Valmi Bohn - Coordenação eleita
No dia 21 de outubro de 2017, no VIII Encontro Nacional da Rede Um Grito pela Vida, no qual foram celebrados os 10 anos de missão e compromisso contra o tráfico de pessoas, realizou-se a assembleia eletiva para a coordenação da articulação nacional da Rede, que assumirá o biênio 2018-2019.
Após momentos de reflexão e partilha, os membros votaram e elegeram Ir. Ana Belén Veríssimo Garcia (região norte, núcleo de Rio Branco), Pe. Cláudio Ambrosio (região sul, núcleo de Curitiba) e ir. Valmi Bohn (região norte, núcleo de Manaus) para coordenar esta caminhada junto aos 27 núcleos de atuação da Rede, presentes nas cinco regiões do Brasil. Como missionárias (os), a Rede segue sua mística inspirada no projeto de Jesus, nos carismas fundacionais, na indignação profética e compaixão samaritana, na defesa dos direitos humanos e na certeza de que um mundo melhor é possível.
Ir. Barbara Furgal, ir. Eurides Alves, Pe. Cláudio Ambrosio, Ir. Ana Belén Veríssimo Garcia,
ir. Valmi Bohn e ir. Anajar Fernandes
As coordenadoras do biênio 2016-2017, Ir. Eurides Alves de Oliveira, ir. Anajar Fernandes da Silva e ir. Bárbara Halina Furgal, expressam sua alegria e gratidão pela experiência no seguimento da missão e dão as boas-vindas à nova equipe, ressaltando a importância deste trabalho de articulação e sensibilização para uma sociedade mais justa e humana.
"A celebração dos 10 anos nos mostra que a gente deve seguir em frente, com coragem, determinação, ousadia, com novas estratégias, firmando as nossas três prioridades: o trabalho intensivo de prevenção, no intuito de coibir o crescimento deste crime hediondo, que é o tráfico de pessoas; a incidência política, ensaiando práticas alternativas que empoderem as populações vulneráveis; e a atenção sempre mais gerenosa e solidária com as vítimas", ressalta ir. Eurides.
A Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e participantes (membros) da Rede Um Grito pela Vida são imensamente gratas (os) pela dedicação da coordenação cessante, que colocou a serviço da vida o seu tempo, seu saber, sua alegria e ardor, de maneira gratuita, voluntária, responsável e com muito empenho.
Igualmente agradece a equipe eletita para o próximo biênio, que acolheu com o mesmo ardor e esperança esta missão. Que Deus, a Mãe Maria e Santa Josefina Bakhita caminhem juntos conosco na Rede Um Grito pela Vida.
Igualmente agradece a equipe eletita para o próximo biênio, que acolheu com o mesmo ardor e esperança esta missão. Que Deus, a Mãe Maria e Santa Josefina Bakhita caminhem juntos conosco na Rede Um Grito pela Vida.
Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB).
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Carta da Comissão de Enfrentamento ao Tráfico Humano
Brasília, 25 de setembro de 2017
“Não é possível permanecer indiferente sabendo que há seres humanos comprados e vendidos como mercadorias! Levemos em conta as crianças que têm seus órgãos retirados, as mulheres enganadas e obrigadas a se prostituir, os trabalhadores explorados, sem direitos, sem voz, e assim por diante. Isto é tráfico humano! ” (palavras de Francisco na mensagem aos fiéis no Brasil, por ocasião da CF/2014, com o tema “Fraternidade e o Tráfico Humano).
Estimados Irmãos e Irmãs no episcopado,
Dirijo-me aos caríssimos irmãos para dar-lhes notícias da organização da Comissão Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano que nós criamos, na reunião do Conselho Permanente de 6 de outubro de 2016 e, também, para solicitar-lhes a efetiva colaboração a fim de que seja assumida, também, nos Regionais. Esta Comissão dará continuidade aos trabalhos do GT de Enfrentamento ao Tráfico Humano, criado em 2012.
Nos dias 27 e 28 de junho de 2017, fizemos a primeira reunião com todos os membros, que conta de 4 bispos, um assessor, uma secretária e alguns colaboradores/as. Definimos que a Missão dessa Comissão é: “ à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja, ser presença viva e profética no enfrentamento ao tráfico humano, como violação da dignidade e da liberdade, defendendo a vida dos filhos e filhas de Deus”; e que seu Objetivo Geral é: “fortalecer a atuação de enfrentamento ao tráfico humano em suas múltiplas formas, e a atenção às pessoas em situação de vulnerabilidade e de tráfico, contribuindo para transformar as estruturas e as práticas que alimentam a existência dessa chaga social”.
Para viabilizar a ação da Comissão foram estabelecidos quatro eixos de trabalho: Comunicação e Articulação; Formação; Incidência; e Sustentabilidade e Relações Internacionais. Os eixos são formados pelas colaboradoras e colaboradores, com a presença de um bispo. Em conjunto foram estabelecidas as prioridades para o próximo período.
Meus irmãos, já estamos planejando as atividades para 2018 e venho lhes pedir que coloquemos nas agendas dos Regionais esta temática do Tráfico Humano. Vamos continuar nos comprometendo cada vez mais na defesa da dignidade, da vida de tantas irmãs e irmãos nossos atingidos por este crime. Vamos nos unir aos apelos do Papa Francisco.
A Comissão se coloca à disposição dos Regionais para contribuir naquilo que for necessário para sensibilização e informação, atendimento às vítimas e criação de políticas públicas em favor de nossas irmãs e irmãos.
Que o Deus da Vida nos ilumine e nos fortaleça em nossa missão.
Fraternalmente,
Dom Enemésio Lazzaris
Bispo de Balsas/MA e Presidente da Comissão
“Não é possível permanecer indiferente sabendo que há seres humanos comprados e vendidos como mercadorias! Levemos em conta as crianças que têm seus órgãos retirados, as mulheres enganadas e obrigadas a se prostituir, os trabalhadores explorados, sem direitos, sem voz, e assim por diante. Isto é tráfico humano! ” (palavras de Francisco na mensagem aos fiéis no Brasil, por ocasião da CF/2014, com o tema “Fraternidade e o Tráfico Humano).
Estimados Irmãos e Irmãs no episcopado,
Dirijo-me aos caríssimos irmãos para dar-lhes notícias da organização da Comissão Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano que nós criamos, na reunião do Conselho Permanente de 6 de outubro de 2016 e, também, para solicitar-lhes a efetiva colaboração a fim de que seja assumida, também, nos Regionais. Esta Comissão dará continuidade aos trabalhos do GT de Enfrentamento ao Tráfico Humano, criado em 2012.
Nos dias 27 e 28 de junho de 2017, fizemos a primeira reunião com todos os membros, que conta de 4 bispos, um assessor, uma secretária e alguns colaboradores/as. Definimos que a Missão dessa Comissão é: “ à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja, ser presença viva e profética no enfrentamento ao tráfico humano, como violação da dignidade e da liberdade, defendendo a vida dos filhos e filhas de Deus”; e que seu Objetivo Geral é: “fortalecer a atuação de enfrentamento ao tráfico humano em suas múltiplas formas, e a atenção às pessoas em situação de vulnerabilidade e de tráfico, contribuindo para transformar as estruturas e as práticas que alimentam a existência dessa chaga social”.
Para viabilizar a ação da Comissão foram estabelecidos quatro eixos de trabalho: Comunicação e Articulação; Formação; Incidência; e Sustentabilidade e Relações Internacionais. Os eixos são formados pelas colaboradoras e colaboradores, com a presença de um bispo. Em conjunto foram estabelecidas as prioridades para o próximo período.
Meus irmãos, já estamos planejando as atividades para 2018 e venho lhes pedir que coloquemos nas agendas dos Regionais esta temática do Tráfico Humano. Vamos continuar nos comprometendo cada vez mais na defesa da dignidade, da vida de tantas irmãs e irmãos nossos atingidos por este crime. Vamos nos unir aos apelos do Papa Francisco.
A Comissão se coloca à disposição dos Regionais para contribuir naquilo que for necessário para sensibilização e informação, atendimento às vítimas e criação de políticas públicas em favor de nossas irmãs e irmãos.
Que o Deus da Vida nos ilumine e nos fortaleça em nossa missão.
Fraternalmente,
Dom Enemésio Lazzaris
Bispo de Balsas/MA e Presidente da Comissão
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TRÁFICO DE PESSOAS
A inaceitável portaria do Ministério do Trabalho - Desenvolvimento às custas do trabalho escravo?
“É um contexto muito perverso onde tudo está ajeitado para permitir que trabalhadores sejam escravizados”
Para cientista social, mudança na portaria sobre o trabalho escravo é gravíssima. Nova lei coloca o desenvolvimento do país às custas da escravidão de alguém, enfatiza.
Leia em El País
Gilmar Mendes faz ironia com os críticos da portaria sobre trabalho escravo: “Só no Brasil”
Leia em DCM
Trabalho escravo: Milhares de Franciscos
Francisco é um dos 50 mil trabalhadores resgatados nos últimos 22 anos por trabalho escravo, mas isso pode mudar.
Leia em Correio do Brasil
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TRABALHO ESCRAVO
sábado, 21 de outubro de 2017
Abertura do VIII Encontro Nacional da Rede Um Grito pela Vida - Brasilia/DF
Neste ano de celebração, a Rede Um Grito pela Vida se encontra para partilhar e avaliar a caminhada, comemorando seus 10 anos de atuação e projetando a continuidade da missão.
O encontro, que se realiza na Casa de Retiro Assunção (DF), de 19 a 22 de outubro, tem como tema: 10 Anos de Compromisso no Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas: Recordar, Celebrar e Projetar!
Foto: Nanda Soares | Conectidea - Comunicação & Articulação Social
Eixos do encontro:
a) Avaliação e celebração dos 10 Anos de missão da Rede;
b) Análise de Conjuntura;
c) Projeção da continuidade da missão da Rede;
|
No dia 19, deu-se início ao encontro com um belo momento de oração e partilha. Uma vela para cada ano de caminhada, luzes reunidas para celebrar! Na dinâmica, cada região expressou as luzes que iluminam esta trajetória no dia a dia da missão e depois cada um acendeu a sua vela, posicionando-a no seu ano de entrada na Rede.
Foto: Luis Miguel Modino |
Região Centro-oeste:
- Força existente entre nós para o trabalho contra o tráfico de pessoas;
- Irmãs mais idosas na luta, abraçando a causa;
- Persistência e perseverança na caminhada.
Região Sul:
- Bom entrosamento entre os núcleos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul;
- Diversas parcerias com organismos governamentais e não-governamentais;
- Acesso às mídias;
- Visibilidade para o tema, que muitas vezes é negado pelos habitantes do sul;
- Expansão de núcleos da Rede em diversos municípios de Santa Catarina;
- Trabalho de conscientização nas escolas, catequese e grupo de jovens.
Região Nordeste:
- A presença de leigas e leigos na Rede;
- Articulação com órgãos governamentais e não-governamentais;
- Compromisso com a missão.
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TRÁFICO DE PESSOAS
terça-feira, 17 de outubro de 2017
SEMINÁRIO CONTINENTAL CONTRA O TRÁFICO DE PESSOAS - Mensagem Final
Bogotá –
Colômbia, 18 a 20 de agosto de 2017
Mensagem
Final
O
espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar
boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a
proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos. Isaías 61,1
Nós,
que nos reunimos durante estes dias em Bogotá, Colômbia, mulheres e homens
consagrados e leigas e leigos companheiros na missão na América Latina e Caribe
(CLAR), fomos chamados/as a ser cada vez mais conscientes da dignidade do ser
humano, da complexidade da realidade que produz novas escravidões de todo tipo,
do nosso compromisso na defesa da vida e
da urgência do cuidado da nossa Casa Comum, do ser humano-terra, este binômio
inseparável que é o dinamismo básico de nossa mística e nossa profecia.
Sentimos vivamente nestes dias de
Encontro e Discernimento que, a partir dos gritos e silêncios das vítimas do
Tráfico de Pessoas – a escravidão do século –, Deus tem nos chamou e nos
convida a sair depressa, sem demora, ao encontro destas irmãs e irmãos que o
sistema tornou mercadoria. Ao estudar os números e as estatísticas, não
perdemos nunca de vista que se tratava de pessoas com nome e com uma história
violentada, que nunca deixou de estar cheia de dignidade.
A dinâmica deste Seminário nos levou
a caminhar a partir de uma compreensão global do fenômeno do Tráfico de
Pessoas, especialmente a partir da perspectiva da migração e da infância, até
uma reflexão bíblico-teológica para continuar ressignificando nossos carismas
ao redor de novos eixos de articulação dados pelos gritos da vida.
O objetivo fundamental deste
Seminário é o fortalecimento de nossas Redes em defesa da vida para atuamos
juntos contra as redes de morte que tanta dor e desesperança trazem ao mundo
atual. Também nos alegramos pelas novas Redes contra o Tráfico que se formarão nas
Conferências onde ainda não existem.
Em atitude de saída, reconhecemo-nos
pessoas imersas e influenciadas pelo processo global de desumanização marcado
por uma crise geral de convivência, intensificação do individualismo e a
ruptura progressiva do tecido social e da fraternidade humana fomentados por
políticas e leis neoliberais. A partir desta realidade, sentimo-nos movidos/as
a caminhar para a ética do cuidado comum, prestando especial atenção aos mais
vulneráveis e abandonados da nossa sociedade.
Com a força do Espírito,
comprometemo-nos a repensar nossa Vida Consagrada, aguçar os sentidos e
recuperar o profetismo dos carismas, com palavras e ações, que nos animem a não
deixar sozinhos os que foram forçados pelo sistema injusto a caminhar – excluídos
– nas fronteiras da história. Comprometemo-nos a acolher, proteger, promover e
integrar as vítimas do Tráfico de Pessoas e de outras escravidões por este
sistema que as desumaniza, as coisifica, as aliena e as humilha.
Reconhecemos a importância de realizar
processos de formação interdisciplinar e em incidência política para acompanhar
integralmente as pessoas atingidas pelo Tráfico e por toda classe de escravidão
moderna, desde os pequenos, desde baixo e a partir do dinamismo da esperança. Gostaríamos
de ajudar nossas famílias carismáticas, consagrados e leigos, a experimentar
indignação ética frente às escravidões modernas e recuperar a partir desta
experiência a misericórdia fundante dos carismas. Queremos ser uma Vida
Consagrada nova, uma vanguarda profética e não somente uma força de trabalho.
Nossos olhos estão fixos em “Maria, a
mulher do primeiro passo”, a crente fiel, a discípula, a mulher do encontro, da
saída, da urgência, do serviço, aquela que soube estar ao lado, a do silêncio,
Maria a mulher da vida que não deixa de nos assinalar os caminhos de novos
encontros.
Abraçamos a todos na paz e com uma
profunda solidariedade.
Participantes do Seminário
Continental contra o Tráfico de Pessoas[1].
20 de agosto de 2017.
CONFERÊNCIA LATINOAMERICANA E CARIBENHA DE RELIGIOSOS E RELIGIOSAS - CLAR
[1] 97
participantes de 48 Congregações Religiosas e19 países.
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TRÁFICO DE PESSOAS
Saiamos depressa ao encontro da vida - CLAR denuncia
CLAR
– Conferência Latinoamericana e Caribenha de Religiosos e Religiosas [1] – REDES
CONTINENTAIS CONTRA O TRÁFICO DE PESSOAS (membros da Rede Mundial TALITA KUM):
RAMA (América Central), TAMAR (Colômbia), KAWSAY (Peru, Paraguai, Uruguai e
Argentina), UM GRIPO PELA VIDA (Brasil), RAHAMIN (México).
Comunicado
Nós, membros das Redes
Latinoamericanas e Caribenhas da Vida Consagrada, que trabalham em colaboração
com Leigos e Leigas contra o Tráfico de Pessoas, queremos denunciar à Opinião Pública, aos Meios de Comunicação, aos Governos
e às Igrejas:
O aumento do crime do Tráfico de Pessoas
em nosso Continente. Este crime está presente em todos os nossos países, atinge
milhares de pessoas, em particular as mulheres e crianças em situações de
vulnerabilidade e constitui uma violação incontestável dos direitos humanos
fundamentais.
Como mulheres e homens consagrados
e como leigas e leigos comprometidos em solidariedade com nossas irmãs e irmãos
que sofrem as consequências deste crime, condenamos
com firmeza não somente o Tráfico de Pessoas, mas também suas múltiplas
causas econômicas, políticas, culturais e sociais.
Reivindicamos aos Governos que assumam sua responsabilidade de
tornar visível este crime, respeitar e cumprir os acordos adquiridos, dedicar
recursos humanos, econômicos e estruturais para o cuidado integral das vítimas
e implementar leis que previnam e punam toda ação que tenta destruir a
dignidade das pessoas, tornando-as objeto/mercadoria desta abominável forma de
escravidão moderna. Pedimos especial atenção às populações vulneráveis, às
fronteiras e crescentes movimentos migratórios que ordinariamente são o lugar
perfeito para estas ações criminosas. É urgente que se criem caminhos que
permitam uma atenção afetiva e imediata às vítimas.
Em nosso incansável compromisso em REDE
e abertas/os a todo tipo de colaboração, solicitamos
encarecidamente a todas as Igrejas, em particular à Igreja Católica, em suas
Conferências locais e nacionais de bispos e de religiosos e religiosas e das
Congregações religiosas, que se posicionem frente a este crime, se comprometam
com as vítimas e denunciem com coragem todas as formas de Tráfico de Pessoas,
defendam e promovam a vida e os direitos das pessoas, especialmente as mais
vulneráveis. Sabemos que é nossa responsabilidade promover Redes em nível
local, nacional e internacional, capazes de enfrentar eficazmente o Tráfico de
Pessoas.
Comprometemo-nos a:
·
Acolher, proteger, promover e integrar as
vítimas do Tráfico de Pessoas e outras escravidões, para humanizar suas vidas
tirando-as da humilhação a que estão submetidas.
·
Trabalhar em Rede em todos os níveis, em
colaboração com outras organizações sociais, civis, religiosas e políticas.
Ajudar e acompanhar a criação de novas Redes em todo o Continente.
·
Fortalecer os esforços e as iniciativas
existentes para reduzir as causas do Tráfico de Pessoas, identificando e
acompanhando áreas e populações mais vulneráveis.
·
Potencializar e atualizar os recursos para a
prevenção, proteção, assistência, educação, comunicação, incidência política e
denúncia do Tráfico de Pessoas.
·
Participar, em todos os níveis, em estudos e
investigações para compreender melhor as causas, os fatores de risco e a vulnerabilidade
nos novos cenários do Tráfico de Pessoas.
Sabemos que
somente através da conscientização, visibilidade, colaboração e solidariedade
seremos capazes de enfrentar as causas estruturais que geram o Tráfico de
Pessoas.
Sentimos
vivamente que, a partir dos gritos e dos silêncios das vítimas e sobreviventes
do Tráfico de Pessoas – a escravidão do século – Deus continua nos chamando e
nos convida a sair depressa, sem demora, ao encontro da vida ameaçada destas irmãs
e irmãos que o sistema escraviza (cf Lucas 1, 30).
Bogotá, setembro
de 2017.
[1]
Calle 64 Nº 10-45 piso 5 Bogotá, D.C. COLOMBIA –
Apartado Aéreo: 56804 Tels. + 57 (1) 310 0481 +57 (1) 310 0392 – Fax. +57 (1)
217 5774 – E- mail: clar@clar.org – Web: www.clar.org
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