Ó...
que saberemos nós na própria pele da
violação desmedida a seus direitos, do excesso planejado de maldade?
Sabemos
por que seu coração se abre confiante porque seus olhos
Deixam
cair lágrimas de dor e de medo...
Hoje
te vi mulher de pele negra,
Com
seu rosto tenso, encoberto pela tristeza, presa do terror.
Seus
olhos avermelhados derramando lágrimas para dentro
E
sua voz como um gemido sussurrando: “Tenho
medo, muito medo”.
De
fato seu medo é muito real, vem à sua memória imagens de companheiras
assassinadas pelo despotismo e inumanidade de quem as explorou.
E
sentes as saudades de sua pátria distante,
Da
paisagem, de seus filhos e filhas e de algum outro parente...
Lembras-te
com angústia das dívidas impostas por mãos opressoras.
Sente-te
e é verdade que tem sido explorada, enganada,
Sem
esperança do retorno ao sonho que te lançou à “aventura”.
E
te perguntas: Será realmente uma aventura?
Tuas
aspirações mais legítimas de melhorar a vida
Lançaram-te
sem rumo ou talvez ao rumo dos que negociaram
Com
sua credibilidade, com sua fé simples e singela,
Com
o jeito próprio de sua terra natal.
E
chegas ao país de seus sonhos atravessando mares
Debruçando-se
sobre obstáculos e removendo escombros,
Acreditando
na promessa de um futuro melhor para você e seus filhos,
Para
acabar com a dor e a crescente exclusão.
Esta poesia foi escrita por Ir. Manuela Rodríguez Piñeres a partir da experiência de acompanhamento a mulheres dominicanas traficadas que chegavam à Argentina.
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