Por Rosinha Martins| 09.06.14| O Estado de Goiás tem liderado o ranking no Tráfico de Pessoas no país. A atividade criminosa submete as vítimas ao cárcere privado, exploração sexual, consumo de drogas, ameaças, trabalho escravo e venda de órgãos humanos. Dados de inquéritos apurados pela Polícia Federal, o Estado goiano, sete vezes menor que o estado de São Paulo, é responsável por 26% dos casos de tráfico de pessoas e escravidão registrados no país.
De acordo com Valdir Monteiro, membro da Comissão Executiva de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de Goiás, a instituição tem trabalhado na capacitação de agentes de enfrentamento do crime nas cidades do interior para conscientizar as pessoas sobre o problema que tem preocupado órgãos do governo e instituições cristãs.
“Estamos aproveitando a CF 2014 para fazer esse trabalho em todas as Igrejas, através de rodas de conversa e palestras”, disse. Monteiro informou também que a comissão investigará as condições de trabalho dos imigrantes haitianos, bengaleses e bolivianos, nos frigoríficos de Goiânia, lugar propenso à escravidão e tráfico”.
No mês passado a empresa C&A, de Goiânia, foi condenada pelo Ministério Público do Trabalho por manter funcionários em condições análogas ao trabalho escravo. Conforme a investigação, a empresa, obrigava os funcionários a trabalhar em feriados sem autorização em convenção coletiva e não homologava rescisões no sindicato dos trabalhadores.
Além do mais, a empresa não concedia intervalo de 15 minutos quando a duração do trabalho ultrapassava quatro horas,sem intervalo para o repouso e alimentação e prorrogava a jornada de trabalho além do limite legal e não pagava horas extras.
“As consequências foram danosas para a empresa, por ser mundial e viver das negociações internacionais das suas ações. Porém, a maioria dos países não aceitam o trabalho escravo”, salientou Monteiro.
Outro problema grave, segundo Monteiro, é o caso de travestis vindos do Pará, Piauí e Maranhão para a cidade de Goiânia. Muitos são mortos e vivem em condições de trabalho escravo e são explorados sexualmente. “Eles trabalham de maneira escrava para uma cafetina que os contrata, compram dela seios e nádegas, o chamado 'óleo de avião' e devem pagar para a mesma o material comprado somando-se a isso outras dívidas e os problemas de saúde que enfrentarão no futuro”, acrescentou.
Para combater a situação, organizações tem investido no Projeto Casulo, um investimento em casas de passagens para travestis, onde estes permanecem por um tempo, recebendo orientações, tratamentos necessários para o resgate da dignidade. “Muitos são inseridos no mercado de trabalho e levam uma vida digna de ser humano sem precisar vender seus corpos”.
Para Monteiro, o trabalho realizado pelas Religiosas tem feito a diferença no combate e conscientização do Tráfico de Pessoas. "A CF 2014 tem como tema o Tráfico Humano, graças às Irmãs. Eles conseguiram 80 mil assinaturas para o presidente da CNBB fazer a inclusão do tema na CF e foram três anos de trabalho com este objetivo. Elas trabalham muito, não param, estão nas praças, trabalham conosco. A maioria estão acime de 60 anos mas tem muita força, estão sempre na luta", concluiu.
Leia mais: http://www.crbnacional.org.br/site/index.php/noticias/destaque/1285-trafico-de-pessoas-goias-lidera-o-ranking-religiosas-vao-as-ruas-de-goiania-para-denunciar
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