Por Flávia Ferreira, com Agência Brasil
Uma oferta de emprego no Rio de
Janeiro e USD 600 de ajuda de custo contribuiu para que Sara Juan Carlos saísse
do Peru. Quando ela pisou em solo carioca confiando que sua vida mudaria para
melhor, foi trancafiada por um mês, sem salário, sem alimentação e sem
condições dignas de vida. O sonho havia acabado. A história de Sara foi contata
por ela mesma hoje (31), durante o
lançamento da campanha “Jogue a Favor da Vida”, no Cristo Redentor, que tem o
objetivo de mobilizar a população contra
o tráfico de pessoas, o trabalho escravo, a exploração sexual e a
comercialização de órgãos humanos durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de
2016.
“Eu pensei que a minha vida estava acabada”,
disse a peruana, que agora está sob os cuidados da Pastoral do Migrante do RJ.
Sara é uma das 45,8 milhões de pessoas que sofrem tráfico de pessoas do mundo,
que são aliciadas com a proposta de um emprego dos sonhos ou de mudança de
vida.
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Foto: Flávia Ferreira |
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Foto: Flávia Ferreira |
Um relatório do Ministério da Justiça informou
que, entre 2011 e 2013, o número de denúncias de casos de exploração sexual cresceu 86,5%. O dado passou de 32 casos
recebidos pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH)
em 2011 para 170 no ano seguinte e para 309 em 2013. Nos primeiros quatro meses
deste ano, já foram registrados mais de 500 casos de denuncia de abuso e
exploração sexual, no Disque 100. Dentre estes casos de exploração sexual, com
certeza embora subnotificados muitos tem indícios também de trafico de pessoas.
De acordo com irmã Eurides Alves
de Oliveira, coordenadora da Rede um Grito pela Vida, os Jogos Olímpicos Rio
2016 podem representar um risco para o crescimento da violação de direitos, do
trabalho infantil e da exploração sexual. “Somente com informação, prevenção e
a pressão da sociedade podemos combater esses crimes”.
Para Eurides, o tráfico de
pessoas é o último estágio da violação dos direitos e em geral acontece por
fatores socioeconômicos, culturais, por machismo e por conta da naturalização
da violência de gênero. “Vamos combater todas as formas de violência sexual, entre elas o estupro que comoveu e
indignou na população com os últimos acontecimentos no Rio de Janeiro”.
A preocupação da sociedade civil é
compartilhada pelo Governo do Estado através do comitê Estadual de
Enfrentamento ao trafico de pessoas. O superintendente de promoção dos Direitos
Humanos da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio
de Janeiro, Miguel Mesquita, afirmou que representantes de diversos órgãos
estarão atentos a violações nos locais de competição no período dos jogos, além
de investir em campanhas publicitárias no Aeroporto Internacional Antônio
Carlos Jobim e promover a semana nacional contra o tráfico de pessoas, em
parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), no
mês de julho, por ocasião da semana internacional de luta contra o tráfico
humano.
Mesquita defende que é preciso
alertar a população: "O tráfico de pessoas é um crime muito escondido. As
pessoas não sabem que existe, não sabem como acontece. É tudo muito misterioso.
As pessoas envolvidas são muito articuladas e contam com o envolvimento de
indivíduos de classes mais altas". O superintendente recomendou denunciar
ou buscar orientação quando se deparar com ofertas de emprego boas demais,
convites de viagem e propostas de casamento no exterior. "O tráfico vai
trabalhar sempre com a vulnerabilização. Se a pessoa quer um emprego, quer
realizar um sonho, precisa sair de uma situação de guerra".
Para denunciar casos de tráficos
de pessoas, disque 100 e/ou 180.
Por Flávia Ferreira, com Agência
Brasil
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