Mulheres imigrantes são as maiores vítimas dos casos registados de trabalho análogo à escravidão, em São Paulo. E nessa realidade, o setor têxtil é o que concentra grande parte dos casos. É o que aponta a reportagem de Luiza Souto, publicada no sábado (29), pelo Universa, plataforma do portal Uol.
A reportagem traz um levantamento feito pelo Ministério Público do Trabalho paulista, a pedido do Universa. Segundo os dados, a escravidão moderna tem rosto das mulheres imigrantes.
No ano passado, 139 pessoas foram resgatadas do trabalho em condições análogas ao trabalho escravo. Entre as vítimas, 44 eram mulheres. Entre as mulheres, 43 trabalhavam em oficinas de costura. Apenas uma atuava como doméstica. Os dados do MPT-SP abrangem as regiões do grande ABC Paulista (formado por sete municípios) e Baixada Santista (formada por nove municípios).
Os dados de anos anteriores confirmam a predominância tanto das vítimas potencial e do setor econômico. Em 2017, das 168 queixas sobre casos de trabalho escravo recebidas, 52 eram contra a área têxtil, seguido da construção civil (17) e setor de restaurantes (4). Já em 2018, das 194 denuncias, 50 referiam-se ao setor têxtil, enquanto outros seis casos foram registrados na construção civil.
Os imigrantes são as maiores vítimas e chegam a ser submetidos a uma jornada de trabalho de 12h. Além de socialmente vulneráveis, pouco ou nenhum acesso à educação e informação, dificuldade com o idioma, desconhecimento da legislação brasileira e a distância da família os fazem ser os maiores alvos da escravidão moderna. Bolivianos são maioria, seguido de imigrantes do Paraguai e, mais recentemente, da Venezuela.
Reportagem relembrou casos
A publicação do Universa lembrou que em 2018, a grife Amíssima foi condenada a indenizações de R$ 533 mil por manter duas oficinas de confecção cujo “funcionários” trabalhavam em condições análogas à escravidão. Foram libertados 14 trabalhadores, a maioria de origem boliviana. Na loja, uma calça custa cerca de R$ 3 mil.
Em 2019, a famosa grife Animale, do Grupo Soma, teve seu nome colocado na Lista Suja do Trabalho Escravo pelo Ministério da Economia. A empresa subcontratou 10 costureiros bolivianos e os submeteu a jornadas de mais de 12 horas por dia. "Além disso, os trabalhadores dormiam nas oficinas, dividindo o espaços com as baratas e instalações elétricas com risco de incêndio." A empresa alegou que foi "um caso isolado". Clique aqui e leia mais sobre o caso.
Leia a íntegra da reportagem. Clique aqui.
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