Nesta semana os veículos de comunicação brasileiro anunciaram fatos relacionados ao crime de tráfico de pessoas que chocaram a sociedade. Corpos em decomposição foram encontrados em uma embarcação à deriva no estado do Pará e trabalhadores recebiam pedras de crack como forma de pagamento no estado do Rio Grande do Sul. Os fatos envolvem migração forçada e situação de trabalho escravo contemporâneo. A Comissão Episcopal Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CEETH-CNBB), divulgou um manifesto exigindo celeridade nas investigações das denúncias e punição aos responsáveis pelos crimes.
A nota destaca as denúncias que revelam sinais de violações aos direitos humanos e a preocupação diante ao número crescente da migração forçada em todo o mundo. “Basta de escravidão! Não podemos mais aceitar a perpetuação desse crime terrível, que afeta várias pessoas: crianças, mulheres, trabalhadores…, muitas pessoas exploradas; todas vivem em condições desumanas e sofrem a indiferença e o descarte da sociedade”. Diz um trecho da nota.
Referente aos fatos denunciados pela imprensa estão em processo de investigação. Os corpos encontrados cerca de 215 quilômetros de Belém (PA), na região de Bragança, a Marinha informa que a embarcação não aparenta danos e ainda passa por perícia. A Polícia Federal informou que os documentos encontrados indicam que as vítimas têm origem da África. Os homens resgatados da situação de trabalho escravo em Taquara, região Metropolitana de Porto Alegre/RS, um suspeito foi preso por recrutar os trabalhadores e os trabalhadores encaminhados para os serviços de apoio.
Brasília, 17 de abril de 2024.
“Uma destas feridas abertas mais dolorosas é o tráfico de seres humanos, uma forma moderna de escravidão, que viola a dignidade, dom de Deus, em tantos dos nossos irmãos e irmãs.” Papa Francisco
A Comissão Episcopal Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CEETH-CNBB), que vive o ano da Fraternidade e Amizade Social não pode se calar diante das vidas violentadas e ceifadas pela ambição, descaso e banalidade. Diante dos crimes, divulgados amplamente pela mídia e temendo outras situações, nos manifestamos.
No dia 13/04, nove corpos em decomposição foram encontrados em uma embarcação à deriva na região de Bragança, no Pará. Para a polícia, a causa das mortes foi falta de alimento e água. Documentos encontrados pela Polícia Federal apontam que as vítimas são migrantes da África, da região da Mauritânia e Malli. As autoridades deduzem que ao menos 25 pessoas estavam no barco.
No último dia 16, em Taquara, região Metropolitana de Porto Alegre/RS, vários veículos oficiais de comunicação do país, noticiaram a descoberta de uma pedreira clandestina em que trabalhadores recebiam pedras de crack como forma de pagamento. Três trabalhadores foram localizados em alojamentos improvisados e resgatados. Seis pessoas foram presas responsáveis pelo recrutamento dos homens.
Causa-nos preocupação e indignação as situações relatadas. A denúncia e o enfrentamento dessas situações que tiram a dignidade das pessoas precisam ser fortalecidos em todos os espaços e na sociedade de modo geral. Basta de escravidão! Não podemos mais aceitar a perpetuação desse crime terrível, que afeta várias pessoas: crianças, mulheres, trabalhadores…, muitas pessoas exploradas; todas vivem em condições desumanas e sofrem a indiferença e o descarte da sociedade. Nós da Comissão Episcopal Especial para o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, seguimos nos comprometendo contra estas práticas criminosas e exigimos séria e rápida investigação e punição dos responsáveis pelos crimes.
As denúncias revelam os sinais visíveis da violência, descaso e banalidade com os seres humanos. A migração forçada, o trabalho escravo, e outras formas de modalidade de aliciamento para o tráfico de pessoas, violam e tratam mulheres, homens e crianças como se fossem mercadorias. Indivíduos e empresas lucram com a exploração de seres humanos, roubando sua dignidade e sua liberdade, as desumanizando.
Nossa solidariedade e oração às famílias das vítimas. Acalento e esperança às vítimas do trabalho escravo.
Nossa força vem do Senhor Ressuscitado que ilumina o caminho como peregrinos da esperança.
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