quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

UM JARDIM DE SONHOS - VIA SACRA DO TRÁFICO HUMANO



O Tráfico de Pessoas é a ação de captar, transportar, trasladar, acolher ou receber pessoas, recorrendo à ameaça ou ao uso da força ou outras formas de coerção, ao sequestro, à fraude, ao engano, ao abuso de poder ou de uma situação de vulnerabilidade ou à concessão ou recebimento de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra com fins de exploração que inclui, mas não se limitam, à exploração da prostituição, da prostituição alheia ou outras formas de exploração sexual, os trabalhos forçados, a escravidão ou suas práticas análogas, a escravidão ou a extração de órgãos. (ONU: Oficina contra a Droga e o Crime).

Introdução 

PRIMEIRA PORTA: O beijo traidor

Getsêmani literalmente significa “prensa de óleo”. É possível que o simbolismo do nome deste lugar tenha muito que ver com o fato que Jesus foi ungido e fortalecido para enfrentar esta etapa de sua missão. 

 Getsêmani é um lugar onde se entra em contato com a natureza, um refúgio de tranquilidade, um lugar para reunir-se com os amigos e familiares, onde as imaginações fluem e os sonhos são criados. Hoje, para nós, assim como para Jesus quando ali foi orar, este jardim se converte num lugar de TRAIÇÃO. 

Ao entrar neste jardim de árvores, portas e janelas, você vai caminhar junto às vítimas do tráfico humano, junto a pessoas que sobreviveram, e junto aquelas e aqueles que trabalham para que outras e outros também possam sobreviver. Jesus caminha com cada uma dessas pessoas, e aqui neste Getsêmani, faz um convite a você para ser ungida e ungido a fim de unir-se aos esforços de carregar a cruz do Calvário à Ressurreição.

As pessoas que caem nas armadilhas do Tráfico Humano, não o fazem por escolha pessoal. A verdade é que o tráfico de pessoas é uma escravidão moderna. Os convites enganadores e os sequestros flagrantes que acontecem, conduzem a um caminho de dor – a uma trilha que inicia com o beijo de um traidor.

Venderam-me por um fim de semana, enganada e zombada. 30 moedas de prata foi meu preço. Ainda hoje se pode comprar a vida inocente de uma pessoa.

Então, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes e lhes perguntou: "O que me darão se eu o entregar a vocês? " E eles lhe fixaram o preço: trinta moedas de prata. Desse momento em diante Judas passou a procurar uma oportunidade para entregá-lo. E o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: O que eu beijar é esse; prendei-o. (Mt. 26,14-16;48). 



PROMESSAS DE FORTUNA E SUCESSO: Uma porta de duas faces. 


As pessoas caem em situações do tráfico humano à força. Nunca é uma escolha. A porta que atravessam é bela e atrativa, seduzindo-lhes com promessas de emprego, êxito financeiro e muitos outros sonhos mas, somente para descobrir que atrás dessa porta existem cadeados que não permitem saída.

As promessas falsas de fortuna e sucesso, de enviar remessas de dinheiro aos pais no país de origem, o pensamento sedutor de “serei modelo e minha família vai a ficar orgulhosa de mim” são algumas das muitas armadilhas e confusões.

1. Condenado à morte: “Quando amanheceu, todos os chefes dos sacerdotes e os anciãos dos judeus puseram-se de acordo num plano para matar a Jesus. Levaram-no amarrado e o entregaram a Pilatos, o governador romano. Quando Pilatos viu que não conseguia nada, mas os gritos do povo eram cada vez maiores, mandou trazer água e lavou as mãos diante de todos, dizendo: - Eu não sou responsável da morte deste homem; é coisa de vocês. Todos responderam: Nós e nossos filhos nos fazemos responsáveis de sua morte! Então, Pilatos deixou livre a Barrabás: depois mandou açoitar Jesus e o entregou para que o crucificassem”. (Mt 27, 1-2;24-26)


Quando era jovem, Ana tinha um trabalho no centro comercial de Westfield. Um dia entrou uma mulher muito elegante e começaram a conversar. Em poucos minutos, ela lhe ofereceu um trabalho com um salário melhor. Convidou-a para almoçar a fim de “conversar” sobre os detalhes. Ana aceitou e novamente se viram durante seu intervalo. A oferta foi fascinante e atrativa: um melhor trabalho com um bom salário! Lamentavelmente essa oferta resultou ver-se obrigada a ser uma escrava sexual em Las Vegas, NV. Graças a Deus, Ana escapou depois de três semanas. Escondeu-se em um closet por três dias com muito medo de que fosse descoberta.

Acenda a sua luz de esperança e liberdade!

Jornada de Oração e Reflexão contra o tráfico de pessoas 2018.

Oração de compromisso:

"No hoje de nossa história, enquanto os fluxos migratórios estão aumentando, confirmamos a nossa fé no Deus da vida, exprimindo a nossa preocupação através da nossa oração:

Quando ouvimos falar de crianças, homens e mulheres enganados e levados a lugares desconhecidos com o escopo de exploração sexual, trabalho forçado e venda de órgãos, os nossos corações se indignam e o nosso espírito sofre, porque a dignidade e os direitos deles são pisoteados com ameaças, mentiras e violência.
Ó Deus, ajudai-nos a contrastar com as nossas escolhas de vida toda forma de escravidão. Nós, juntamente com Santa Bakhita, vos pedimos para que o tráfico de pessoas tenha um fim. Dai-nos sabedoria e coragem para tornar-nos próximos de todos aqueles que foram feridos no corpo, no coração e no espírito, de tal modo que possamos realizar a vossa promessa de vida e de amor terno e infinito por estes nossos irmãos e irmãs explorados.
Tocai o coração de quem é responsável por este grave crime e sustentai o nosso compromisso pela liberdade, dom vosso para todos os vossos filhos e filhas. Amém."



quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Vigília de oração e reflexão contra o tráfico de pessoas 2018

O tema do Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o tráfico humano de 2018 focaliza o drama do tráfico de pessoas entre as populações itinerantes: os migrantes, os refugiados e os banidos. Somos convidados a acender uma luz para estes nossos irmãos e irmãs

Tráfico de pessoas e contrabando de migrantes são duas realidades diversas que sempre se entrelaçam entre si. A violência e a exploração sofridas pelos migrantes que se põem em viagem sem ter um visto de entrada em outro país são frequentemente identificáveis como tráfico de pessoas. A vulnerabilidade causada por seu estado torna-os presa fácil da exploração sexual e trabalhista. Com frequência, migrantes e refugiados são constrangidos a trabalhar por muitas horas ao dia, ganhando pouquíssimo dinheiro, obrigados a estas condições para pagar o débito contraído. O custo do débito aumenta de acordo com a vontade dos traficantes, e são muitos os que sofrem ameaças e extorsões, quando não podem pagar. Muitos migrantes desaparecem durante o trajeto, vítimas do tráfico de órgãos. No mundo globalizado, os fluxos migratórios aumentaram; a isto se contrapõem políticas migratórias sempre mais restritivas por parte de muitos países. 

Esta situação favorece a vulnerabilidade das populações migrantes, que se tornaram, em todo o mundo, um grupo de alto risco para o tráfico de pessoas, seja durante o transporte, nos países de trânsito, seja chegados ao destino. 

A edição 2018 do Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o tráfico humano permite-nos acompanhar, com a oração e o nosso compromisso, os trabalhos das Nações Unidas para o Global Migration Compact, um instrumento internacional com o qual os Chefes de Estado e dos Governos de todos os países-membros das Nações Unidas colocam no centro da sua agenda política o tema dos migrantes e dos refugiados, reconhecendo a necessidade de uma abordagem comum e coordenada da questão migratória. O tráfico de pessoas é um dos temas centrais deste debate. 

Acendamos, nos nossos corações e com as nossas vidas, uma luz de acolhimento, de esperança e de encontro. Juntos, acendamos uma luz para a liberdade, contra toda forma de escravidão.

Baixe o Guia para a Vigília:

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

NOTA DE REPÚDIO E SOLIDARIEDADE - Fórum Permanente das Mulheres de Manaus

Acredito na beleza das almas que existe dentro e fora das pessoas. Acredito que a maldade seja passageira e que o ódio seja o inicio do amor escondido dentro das almas. (F. Júnior/2018). 


O Fórum Permanente das Mulheres de Manaus, desde de 2006, vem provocando a sociedade das mulheres e dos homens, promotoras e promotores da paz e dos direitos, a assumir a missão de lutar pelos direitos humanos das pessoas. E nós, do Fórum Permanente das Mulheres de Manaus, assumimos a incumbência de juntas, lutarmos em favor, de uma sociedade, que não seja patriarcal, capitalista, machista, sexista, transfóbica, racista, lesbofóbica e cheia de ódio. 

Acreditamos que as mulheres podem viver sem violência, em uma sociedade justa, que respeite as identidades de gênero, que respeite a diversidade religiosa, que respeite a vida das mulheres. 

A violência contra mulheres vem tornando-se, a cada dia, uma das maiores mazelas sócias, no Brasil e no estado do Amazonas. Todos os dias surge um novo caso de violência física, sexual, psicológica, patrimonial, racial, até chegar ao feminicídio. Muitos casos são registrados e outros são desencorajados pela burocracia do Estado brasileiro, que acaba dificultando o acesso ao exercício pleno do direito. Sabemos que a violência existe em todas as camadas da sociedade. Também sabemos que a mesma não pode ser silenciada. 

As mulheres violentadas não podem se deixar silenciar. Seus gritos de dor, de indignação e de denúncia devem ecoar por todos os espaços. 

Assim, nós do Fórum Permanente das Mulheres de Manaus, manifestamos REPÚDIO acerca dos inúmeros casos de violência contra mulheres no estado do Amazonas/Manaus. Repudiamos o caso de violência física que sofreu a instrutora de informática, militante dos direitos humanos das mulheres, Mary Lúcia, que foi covardemente agredida na tarde do dia 29 de janeiro, em frente a sua casa no bairro Colônia Terra Nova, Zona Norte de Manaus, por volta das 16h30min, por um vizinho. Mary Lúcia registrou a ocorrência na Delegacia de Combate a Crimes Contra a Mulher (DECCM), afirmando que o agressor é seu vizinho, um lutador de artes marciais e que o crime foi cometido por homofobia (homofobia corresponde a uma série de atitudes e sentimentos negativos em relação a gays, lésbicas, bissexuais e também em relação a transgêneros e pessoas transexuais. Tais sentimentos podem ser: aversão, antipatia, desprezo, raiva inexplicável e engloba preconceito, discriminação e abuso). O autor lesbofóbico, no ano de 2014, agrediu a vitima e foi condenado, segundo os autos do processo nº 0609400-68,2014,8.04.0015. 

No ano de 2014, segundos dados do Ministério dos Direitos Humanos/ Secretaria Especial de Direitos humanos/ Diretoria de Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (DPLGBT), 14,29% das mulheres lésbicas foram agredidas por vizinhos e vizinhas, 31,68% das mulheres lésbicas agredidas no Brasil, o suspeito era vizinho. 36,36% das agressões foram cometidas em vias públicas. 

Ser lésbica é um direito, uma orientação e uma identidade sexual. Portanto, é fundamental e urgente que sejam garantidos os direitos e a cidadania lésbica. Mary Lúcia foi espancada, humilhada, ferida no corpo e alma. 

Ao ser socorrida por outras e outros vizinhos/as, que sensibilizados/as, usaram seus corpos como correntes humanas para proteger, acalentar e fortalecer a vítima. 

Mary viu que não estava sozinha, que a solidariedade existia. Com isso, teve erguida sua força, a sede por justiça, teve erguida a dor que não era apenas sua. A dor de muitas Mary, Joanas, Tonhas, Marias, Ana, Tiana, Aga, Doras e tantas outras que no silêncio vibram com a coragem de Mary Lúcia, em dizer: Basta de violência. 

Nós mulheres de luta e que lutam, esperamos que a justiça abra os olhos! 


Assim, prestamos nossa SOLIDARIEDADE, unimos nossa força a tua força, a tua garra de guerreira amazônida. Iremos juntas vencer o ódio, discriminação, preconceito, machismo, sexismo e a lesbofobia. 

O fim da violência contra as mulheres e a emancipação feminina são pressupostos para a construção de uma sociedade mais justa. 

Assinam a nota de repudio e solidariedade, 
  • Associação de Artesãos Indígenas de Manaus Amazônia Viva – AAIMAV; 
  • Associação de Travestis,Transexuais e Transgêneros do Amazonas -ASSOTRAM; 
  • Articulação de Mulheres Homoafetivas Aliados e Aliadas do Amazonas – ALMAZ;
  • Associação das Donas de Casa do Estado do Amazonas – ADCEAAM; 
  • Associação Amazonense de Mulheres Independentes pela Livre Expressão Sexual- AAMILES; 
  • Associação de Grupos Alternativos de Geração de Renda de Manaus – ASSGAGER; 
  • Associação Nossa Senhora da Conceição; 
  • Centro de Defesa da Mulher; 
  • Centro de Integração Amigas da Mama – CIAM; 
  • Coletivo Difusão; 
  • Coletivo Hip Hop Feminino; 
  • Conselho Estadual dos Direitos da Mulher - CEDIM; 
  • Conselho Regional de Serviço Social 15a Região (CRESS AM/RR); 
  • Comissão Pastoral da Terra – CPT; Coletivo OcupaMinaArt; 
  • Coletivo Mariam; 
  • Espaço Feminista Uri hi; 
  • Fórum Permanente dos Afro-descendentes do Amazonas; 
  • Frente Nacional de Mulheres no Hiphop; 
  • Fórum Afroamerindias e Caribenhas; 
  • Guerreiras Amazônicas em Movimento - GAM; 
  • Grupo de Estudos e Observatório Social: Gênero, Política, Poder – GEPOS;
  • Instituto Equit – Gênero, Economia e Cidadania Global; 
  • Instituto Cultural Afro Mutalembê; 
  • Movimento de Mulheres Camponesas – MMC; 
  • Movimento Feminista Maria sem Vergonha; 
  • Movimento Comunitario Vida e Esperança - MCVE Movimento de Mulheres Solidaria do Amazonas – MUSAS; 
  • Movimento de Mulheres Negras da Floresta – DANDARA; 
  • Movimento de Mulheres Orquídea; Macha Mundial das Mulheres – Núcleo Amazonas; 
  • Manifesta LGBT+; 
  • Núcleo Lélia Gonzalez; 
  • Pastoral Operaria -PO; 
  • Promotoras Legais Populares de Careiro Rede Grito pela Vida; 
  • União Brasileira de Mulheres – UBM





FÓRUM PERMANENTE DAS MULHERES DE MANAUS 
Manaus – AM – Brasil Fone: (5592) 992044578/ 991542836/993261943/991852888/981867526 
E-mail: fpmdemanaus@yahoo.com.br 
fpdasmulheresdemanaus2006@gmail.com https://forumdasmulheresdemanaus.blogspot.com.br 
Apoio: Instituto Equit 
Filiada: Articulação de Mulheres Brasileira – AMB