Aparecida, 10 de abril de 2015
A Conferência dos Religiosos do Brasil,
por ocasião do Congresso Nacional para a
Vida Consagrada, realizado nos dias 07 a 10 de abril de 2015, em
Aparecida, São Paulo, com a presença de mais de dois mil Religiosos e Religiosas
de muitas Congregações e Institutos de Vida Consagrada, Sociedade de Vida
Apostólica e Institutos Seculares, de todo o Brasil, refletiu, entre outros
assuntos, sobre o complexo e difícil
momento pelo qual passa o País, sobretudo no que se refere à ameaça aos avanços
sociais e aos processos democráticos, que consolidamos nos últimos anos, bem como sobre as dificuldades
econômicas que assolam nossa população.
Refletindo sobre a identidade e
profecia, constatou-se a urgência de uma reação pacífica, mas contundente, contra
as práticas repressoras em curso: a iminência de aprovação da redução da
maioridade penal, a perda de conquistas trabalhistas, a lentidão da nossa
justiça, a corrupção e, por vezes, a manipulação midiática que distorce os fatos e imprime uma abordagem
parcial dos mesmos.
É legítimo o clima de insatisfação
popular frente ao “escândalo da corrupção na Petrobrás, as recentes medidas de
ajuste fiscal adotadas pelo Governo, o aumento da inflação, o aumento abusivo
dos preços de determinados serviços, a crise na relação entre os três Poderes
da República”. No entanto nada legitima um “golpe na democracia”, pois o Estado
Democrático de Direito foi conquistado com muita luta, sofrimento e martírio em
tempos não muito remotos.
As manifestações de rua, ainda que legítimas, correm o perigo de
servirem aos interesses privados de
grupos fechados ao bem da população, em particular dos mais pobres.
Conscientes de que o que está em jogo
é um conflito de projetos de sociedade,
nossa missão profética coloca-nos sempre ao lado dos que mais sofrem, com uma
postura ética, pautada na justiça e defesa dos direitos. Por isso, nos
posicionamos contra toda forma de
dominação, interesses,
iniciativas e processos que violentem ou abortem as conquistas que
potencializam a inclusão dos mais pobres. Assumimos o projeto de Lei de
Iniciativa Popular obra da coalizão pela Reforma Política Democrática e
Eleições Limpas. Nos posicionamos contra a redução da maioridade penal, o não
reconhecimento das causas indígenas e dos quilombolas, e refutamos todas as atitudes
que ferem a democracia e a legitimidade das eleições.
Convocamos a todas e todos para que se
mantenham firmes neste caminho, com uma postura crítica e lúcida neste momento
histórico, discernindo com solicitude o que apoiar, exercendo uma cidadania ativa voltada para o fortalecimento
das causas da justiça e da paz.
Que nossa Senhora Aparecida, nos ilumine
e conduza sempre nos caminhos da justiça e profecia.
IR. MARIA INÊS VIEIRA RIBEIRO, mad
Presidente da CRB Nacional
Pelos Consagrados e Consagradas presentes no Congresso Nacional
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