Autoria: Ir. Manuela Rodríguez Piñeres-Oblatas
do Santíssimo Redentor- Rede “Um Grito pela Vida”, Núcleo de São Paulo.
No
dia 27 de abril aconteceu o primeiro encontro com intuito de dar passos, de
lançar novas sementes para o fortalecimento e crescimento da rede “Um Grito
pela Vida” nos núcleos da CRB no Espírito Santo. Participaram 56
religiosos(as). Realizou-se no Colégio das Irmãs Missionárias Agostinianas
Recoletas. Este encontro partiu de uma iniciativa do núcleo de Cachoeiro onde
Ir. Rita Zampiroli trabalha. Ela também participou dos primeiros encontros da
formação da rede em nível nacional.
O
encontro contou com o apoio incondicional da CRB de Vitória. Ir. Luselena, Presidenta,
que pertence a Congregação das Irmãs Missionárias Agostinianas Recoletas,
esteve presente animando a caminhada com seu jeito simples, acolhedor e
encorajador.
Cabe
ressaltar que antes de começar o encontro, as Ir. Maria Rita Zampiroli (Salesiana)
e Ir. Manuela Rodríguez (Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor, – facilitadoras
do encontro - foram entrevistadas na Radio América, através de Ir. Rita (Missionárias
Agostinianas Recoletas) com a finalidade de repassar para a audiência desta rádio
o objetivo do encontro: O tráfico de Pessoas em tempos de Megaeventos (Copa das
Confederações e Jogos Olímpicos/2016)
O
encontro iniciou às 9 horas da manhã com uma dinâmica de apresentação e
entrosamento.
A
seguir, um grupo de irmãs jovens (Núcleo de Cachoeiro) facilitou um belo e
profundo momento de mística que nutriu, fortaleceu e como sempre, deu a marca
particular ao nosso encontro da rede “Um grito pela Vida. Encorajaram ao grupo,
em tempo de outono, a tirar as folhas das seguranças porque é tempo de
despojamento e de mudança. Também a fazer realidade o sonho de semear, a fazer
memória de mulheres bíblicas que semearam vida: Débora, Rute, Judite, Agar,
Ana, a mãe Cananéia, dentre outras.
Depois
de experimentar e deixar cair em terra fértil essa semente de espiritualidade e
de boa nova, Ir. Rita Zampiroli trazendo à tona as
palavras de Ir. Eurides (Presidenta da Rede) colocou para o grupo a necessidade
de criar a Rede no Regional de Vitória e aproveitando também a imagem do “fuxico”
que foi oferecido ao final do momento da mística, frisou que tá na hora de
fazer “o “fuxico” nas comunidades”, ou seja, dar passos concretos para a
consolidação da Rede nos 04 núcleos de Espírito Santo.
Em
seguida, foram passados uma série de vídeos curtos sobre o tema de tráfico
humano para exploração sexual (MOMENTO
DO VER). Para muitas pessoas era a primeira vez que entravam em contato com
esta realidade. Deixou o grupo muito balançado e comovido. Foi aberto um espaço
para partilhar reações, sentimentos e para trazer situações cotidianas do
tráfico de seres humanos com as quais já se deparam no dia a dia do trabalho
pastoral em seus núcleos. Foi muito rico este momento e com um mergulho nessa
realidade, que cada dia é mais gritante e está envolvendo até as pessoas mais
próximas (familiares, amigos/as e vizinhos/as) nessa rede muito bem organizada,
porém muito perversa, que cada dia vai ceifando mais vidas. Em contrapartida,
vai aumentando os lucros, que, segundo os últimos dados da OIT (Organização
Internacional do Trabalho) estão produzindo rendimentos econômicos de 32 bilhões de dólares anuais, motivo pelo qual já ocupa
o terceiro lugar só perdendo para o tráfico de armas e de drogas.
Após
o debate e aprofundamento, com intervenções pertinentes das duas facilitadoras
do encontro, foi apresentada a caminhada da Rede “Um grito pela Vida” com
o propósito de revisitar uma história muito rica a partir dos inícios no ano
2006 até hoje. (Material elaborado pela equipe nacional e passado no encontro
de novembro/2012 em Brasília). Fizeram o exercício de olhar para a história da
Rede com carinho, fazendo perguntas e sentindo, sobretudo, que o Regional
Vitória começa a fazer parte dessa história, lançando sementes que trarão novo
vigor à Vida Religiosa. Uma vida religiosa comprometida na causa do Reino.
Ao
meio dia o grupo desfrutou do almoço e de um tempo de descanso. Às 13h15min
horas foi retomado o trabalho onde o grupo de animação do encontro com alguns
jovens cheios(as) de entusiasmo possibilitaram um momento de diversão e movimento
do corpo, dispondo os ânimos para o trabalho da tarde.
A seguir Ir. Manuela Rodríguez desenvolveu o tema: “Tráfico
de pessoas e Impactos dos Grandes Projetos e dos Megaeventos (Copa do Mundo e
Olimpíadas) nos direitos da cidadania, sobretudo das mulheres”.
A partir do método: Ver, julgar, agir e celebrar e interagindo
com o grupo, partiu de um histórico das copas de Alemanha (2006) e África do
Sul (2009) e Olimpíadas(2007) até chegar a este tempo prévio aos megaeventos no
Brasil. O grupo foi provocado a olhar para essa realidade a partir de dados
estatísticos, destacando os custos financeiros e, sobretudo os custos sociais
que repercutem particularmente na vida das pessoas e violam sistematicamente os
direitos sobretudo das mulheres. Expoente disso é o processo da chamada
“higienização social” com queima de favelas e despejos compulsórios com
indenizações miseráveis ou sem elas, com recortes do orçamento para os direitos
sociais da cidadania em contraste com o financiamento de mais de um percentual
de 99% das obras ou megaprojetos
para estes megaeventos com dinheiro do poder público, que é dinheiro do povo,
sem nenhum escrúpulo por parte de políticos e de donos de empresas privadas.
Esse contraste que se poderia nomear: “POBREZA&ESBANJAMENTO”. A partir das
informações colocadas, das reflexões e das intervenções do grupo foi-se aprofundando,
dando um passo a mais neste olhar da realidade.
Depois deste momento fez-se a distribuição em grupos para
refletir e iluminar esta realidade com um texto dos atos dos apóstolos: Atos,
16, 16-23 (MOMENTO DO JULGAR) que
fala de uma jovem escrava que tinha um espírito de adivinhação e ao ser curado
por Paulo e Silas deixou de dar lucros para seus donos. E eles foram levados
fora da cidade e açoitados com crueldade. Os núcleos após, o trabalho em grupos,
expressaram e partilharam um compromisso a ser assumido nas bases, e de forma orante e celebrativa retomaram os símbolos trazidos no momento de
mística realizado na manhã ao encerrarem o encontro.
Vale ressaltar alguns desses compromissos tanto pessoais
como dos núcleos ((MOMENTO DO AGIR):
·
Organizar-se
como grupos de reflexão para continuar aprofundando o tema.
·
Trabalhar
com cada família visitada esta realidade do tráfico.
·
Trabalhar
na base, os valores. Aproveitar as redes sociais, por exemplo, com aquelas
pessoas que compõem músicas.
·
Ter
critério do consumo sustentável e saber a origem da fabricação do produto. Se
for feito na base do trabalho escravo.
·
Anunciar
e denunciar essas redes criminosas através da formação e a informação.
·
Participar
da caminhada do 18/05 - Dia Nacional de combate
ao Abuso e Exploração sexual Infanto-Juvenil, colocando a faixa da rede “Um
grito pela Vida”. Do dia 23/09: Dia
Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e crianças.
·
Dar
continuidade às reuniões mensais da Rede (Núcleo de Cachoeiro).
·
Apelo
a viver a profecia com a palavra e com
os atos.
·
Continuar
aprofundando o tema do tráfico humano.
·
Conhecer
e mapear os órgãos públicos que já trabalham este tema para articular e somar
com eles.
·
Em
Cariacica aproveitar que está planejada para o segundo semestre o evento
chamado de: “Grito pela vida e cidadania” para dar visibilidade a rede.
Encerrou-se o encontro com os agradecimentos e alguns
informes de interesse dos núcleos e também se expressou o compromisso coletivo
de continuar construindo a rede “Um Grito pela Vida” por que: “É tempo de tecer redes” como partilhou
com muito entusiasmo Ir. Rita através de uma poesia.
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