quinta-feira, 4 de agosto de 2016

“Tráfico de Pessoas: um crime que lesa a humanidade”, afirma Papa Francisco

O tráfico de pessoas é um dos crimes mais hediondos da atualidade. A crescente consciência da dignidade inalienável de cada ser humano colide com uma realidade em que milhares de pessoas são mercantilizadas e escravizadas mediante falsas promessas, enganos, dívidas e outras formas de chantagens. Por causa disso, governos, organizações internacionais e a sociedade civil pautam a luta contra o tráfico de pessoas como uma das prioridades na defesa dos diretos humanos, em nível nacional e internacional. 

Nesta data, 30 de julho, Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, instituído pela Assembleia Geral da ONU – proposta para aprofundar a reflexão e intensificar a ação no enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, retomemos a afirmação do Papa Francisco, ao dirigir-se à Conferência Internacional de Juízes e Magistrados contra o Tráfico de Pessoas e o crime organizado, no dia 3 de junho último. Na ocasião, Francisco sublinhou que o tráfico de pessoas, o contrabando de migrantes, e outras novas formas de escravidão, tais como o trabalho escravo, a exploração sexual, o tráfico de órgãos, o comércio da droga, a criminalidade organizada, são crimes de lesa humanidade que devem ser reconhecidos com tais por todos os líderes políticos, religiosos e sociais, e previstos nas legislações nacionais e internacionais (Rádio Vaticano, 3jun2016).

É preciso cominar penas que sejam para a reeducação dos responsáveis e sua reinserção na sociedade. Se isso vale para eles, “tanto mais para as vítimas” que são passivas e não ativas no exercício de sua liberdade, “tendo caído na armadilha dos novos caçadores de escravos. Vítimas muitas vezes traídas na dimensão mais íntima e sacra da pessoa, ou seja, no amor que aspiram em dar e receber de suas famílias ou que é prometido por seus pretendentes ou maridos, e que ao contrário disso acabam vendidas no mercado do trabalho forçado, da prostituição ou da venda de órgãos. ”

Neste contexto de apelo ao aprofundamento do estudo sobre a temática e os desafios do tráfico humano, é oportuno recordar que pesquisadores, agentes sociais e pastorais consideram a abordagem hegemônica sobre o tema do tráfico de pessoas ainda superficial.  Existe pouca visibilidade à percepção desta grave violação de direitos que afeta milhares de pessoas. Ninguém pode se furtar à responsabilidade de identificar, denunciar e combater este mal que corrói o tecido social e que degrada vergonhosamente a conduta humana e a sociedade.
Conclamando a Igreja e a sociedade, Francisco sublinha a importância de criar uma rede que possa favorecer a troca de experiência e somar forças contra este crime, e que permitam combater melhor as novas formas de escravidão. “A Igreja é chamada a empenhar-se para ser fiel às pessoas, ainda mais se consideradas as situações em que se tocam as chagas e os sofrimentos mais dramáticos.  Neste sentido a Igreja não deve cair naquela máxima que a quer fora da política, pelo contrário, “deve colocar-se na ‘grande política’, porque” – como dizia Paulo VI – “a política é uma das formas mais elevadas de amor”.

A atenção e a preocupação com o tráfico de pessoas são reforçadas com a proximidade dos jogos olímpicos 2016, em nosso País. Alertas são intensificados para evitar que a atração por falsas promessas de trabalho e ganhos fáceis sejam caminhos de exploração, de abuso, de sofrimento e mesmo de morte para seres humanos, criados à imagem de Deus, cuja dignidade deve ser respeitada e protegida incondicionalmente.

Novamente as palavras de Francisco: “Apelamos à consciência de uma humanidade que busque em Deus um motivo de esperança, e na misericórdia de Deus também a possibilidade de constituir redes e perdão, porque há também que considerar isto: há vítimas e há agentes criminosos e é preciso alcançar a reconciliação entre todos. Unida ao Papa Francisco, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, roga a Maria, Mãe da Misericórdia, que ilumine a todos aqueles e aquelas que nos escutam e que nos ajude a realizar redes de libertam”.

Brasília, 29 de julho de 2016
GT de Enfrentamento ao Tráfico Humano/CNBB

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