terça-feira, 5 de março de 2013

AM: “Tráfico de Pessoas, desperte para esta realidade” foi tema de Seminário em Manaus


por Roselei Bertoldo
  
A Rede Um Grito Pela Vida Regional Amazonas e Roraima é constituída por um grupo de religiosas, das Congregações: Irmãs do Imaculado Coração de Maria, Irmãs de São José, Franciscanas do Imaculado Coração de Maria, Cônegas de Santo Agostinho, Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora Auxiliadora, duas leigas representantes da Cáritas Arquidiocesana e um leigo da Congregação das Irmãs Salesianas.
Durante o ano, foram desenvolvidas diversas atividades na área de sensibilização, visibilização, formação, sobre o enfrentamento ao tráfico de pessoas, culminando com a realização do primeiro seminário Regional, Manaus/ Roraima.
O Seminário aconteceu no auditório da Universidade Estadual do Amazonas e teve a presença de 164 participantes.
O tema do seminário “Tráfico de Pessoas - desperte para esta realidade”, motivou o grupo a tecer um olhar sobre a triste realidade que viola os direitos humanos e teve como objetivo: Sensibilizar e compartilhar informações sobre o tráfico de pessoas; capacitar multiplicadoras e multiplicadores para ações de prevenção e assistência; intensificar a luta por políticas de enfrentamento ao tráfico humano na região amazônica.
O bispo auxiliar de Manaus, Dom Mario da Silva, ao fazer a abertura do evento, elogiou a iniciativa da
A Rede Um Grito Pela Vida Regional Amazonas e Roraima é constituída por um grupo de religiosas, das Congregações: Irmãs do Imaculado Coração de Maria, Irmãs de São José, Franciscanas do Imaculado Coração de Maria, Cônegas de Santo Agostinho, Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora Auxiliadora, duas leigas representantes da Cáritas Arquidiocesana e um leigo da Congregação das Irmãs Salesianas.
Durante o ano, foram desenvolvidas diversas atividades na área de sensibilização, visibilização, formação, sobre o enfrentamento ao tráfico de pessoas, culminando com a realização do primeiro seminário Regional, Manaus/ Roraima.
O Seminário aconteceu no auditório da Universidade Estadual do Amazonas e teve a presença de 164 participantes.
O tema do seminário “Tráfico de Pessoas - desperte para esta realidade”, motivou o grupo a tecer um olhar sobre a triste realidade que viola os direitos humanos e teve como objetivo: Sensibilizar e compartilhar informações sobre o tráfico de pessoas; capacitar multiplicadoras e multiplicadores para ações de prevenção e assistência; intensificar a luta por políticas de enfrentamento ao tráfico humano na região amazônica.
O bispo auxiliar de Manaus, Dom Mario da Silva, ao fazer a abertura do evento, elogiou a iniciativa da Rede em organizar, “em preparar e realizar o Seminário, que pela sua temática nos causa espanto, mas solicita um compromisso”. O bispo afirmou que o tráfico de pessoas é uma moderna forma de escravidão, que abrange muitas pessoas no mundo todo e disse que “é impossível ficar indiferente diante desse problema que vitima muitas pessoas.” Jesus no evangelho diz: Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância. Enquanto todos não tenham essa vida em abundância, faz se necessário o nosso trabalho. A CRB tem linhas que apontam para a defesa da vida, que é dom de Deus e, está no centro da missão de Jesus. As Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja apela que a vida de muitos excluídos, marginalizados, traficados contradizem o plano de vida em abundância. O Documento de Aparecida, quando fala da dignidade humana, chama-nos a atenção dos novos rostos sofredores, que são 23, dentre eles o tráfico humano, que está no quarto lugar. Como seguidores de Cristo não podemos nos calar diante da ausência de dignidade da vida. Esse seminário é um momento de comprometer-se, de refletir e tomar uma postura. Esse espaço é um grito pela vida, abrir os olhos e estender as mãos para ajudar as pessoas traficadas para exploração sexual, venda de órgãos ou trabalho escravo.
Levítico 25, 38-43 - Eu sou Javé o seu Deus, que vos tirei do Egito e de dar a terra de Canaã.... É um texto que nos convida em dar um grito em favor da vida, para que se rompa, se erradique o ciclo vicioso do tráfico de pessoas. Finalizou suplicando as bênçãos de Deus sobre todos.

Ir. Paulina Pavéz Lagos, Coordenadora Regional da CRB - AM/RR, sensibilizou o grupo por meio da dinâmica de fechar os ouvidos, os olhos e a boca, não permitindo ouvir, ver, falar. As pessoas que são traficadas também são caladas. Portanto, essa Rede nos chama a direcionar as nossas ações para a defesa da vida, indo até as fronteiras da realidade humana e nos sensibilizar com a dor e sofrimento dos irmãos e irmãs. A família é a primeira vítima em relação ao tráfico, porque estão excluídas das necessidades básicas: comida, trabalho, educação, saúde, moradia, lembrou o texto do bom samaritano, que estava a caminho, mas deixou-se sensibilizar pela necessidade do ferido, da pessoa que estava vulnerável e restabeleceu sua dignidade.
É necessário unir forças e acreditar na vida e na felicidade, mas para isso é preciso abrir nossos olhos, ouvidos e boca e gritar e investir nesta ação. Vamos fortalecer essa rede, somar, comprometer-se. O apelo está lançado. Sejamos livres e façamos opção pela liberdade.
Na mesa de debate, contamos com a contribuição do senhor Sérgio Lúcio Mar dos Santos Fontes - Superintendente da Polícia Federal do Amazonas, que afirmou: “A Polícia Federal se apresenta como órgão oficial de investigação de casos de tráfico de pessoas, por se tratar de crimes internacionais (e interestaduais). A fiscalização nas fronteiras também faz parte da sua competência, além da expedição de passaportes”.
Os países possuem as suas fronteiras abertas, porém como são, na sua grande maioria, extensas, permitem o tráfico de pessoas, armas, drogas, produtos e outros contrabandos, a Polícia Federal tem grande dificuldade de controlar o tráfico, principalmente humano, por ser a terceira economia mundial ilícita. Prosseguiu a apresentação, trazendo diversos elementos que coíbe o tráfico, ainda afirmou que qualquer iniciativa para tirar o problema das sombras, ajudar a refletir e auxiliar no combate contra o tráfico de seres humanos para exploração sexual, trabalho escravo ou tráfico de órgãos é louvável e necessário. O estado e a sociedade, infelizmente são a parte mais fraca. O tráfico é mais forte e organizado, por se tratar, principalmente, de uma das economias mais rentáveis, porém extremamente ilegal.
Valiosa a contribuição da professora Iraildes Caldas, onde afirma que o tráfico de mulheres é uma ferramenta moderna de escravidão, de rapto e cerceamento de liberdade, que assume formas sofisticadas com característica empresarial de um grande negócio, tal qual representou o tráfico negreiro para o capitalismo nas sociedades modernas.
O Brasil é o maior exportador de mulheres das Américas. Envolvidas pela fala macia dos aliciadores, que lhes fazem falsas promessas de melhoria de vida, casamento no exterior e escalada econômica rápida, meninas e mulheres embarcam numa viagem de terror. Todos os anos, cerca de 60 mil brasileiras são vitimas do tráfico de pessoa (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA/2007). Ao todo, o mercado movimenta cerca de 2,5 milhões de pessoas e mais de US$ 32 bilhões (50 bilhões de reais), afirma o UNODC – Escritório da ONU sobre Drogas e Crime. Só perde para o comércio de drogas como crime organizado.
Ressalta que a pesquisa é uma ferramenta que auxilia o Estado, para que dê passos no combate ao tráfico de pessoas, pois o problema existe e vitimiza muitas vidas.
Não se pode deixar de reconhecer que o Brasil deu um passo à frente com a implantação do I Plano Nacional, principalmente porque instituiu núcleos de enfrentamento ao tráfico nos estados. São Paulo é o Estado onde o núcleo encontra-se em situação mais avançada.
O Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas prevê a criação de centros de atendimento específicos para as mulheres que retornam ao seu país. A articulação com redes de atenção no exterior é outra intenção do Plano, já que muitas instituições que cuidam de brasileiras traficadas não sabem para aonde encaminhá-las quando são resgatadas, para enviá-las de volta aos seus países. Ressaltou a importância das universidades abrirem editais para que alunos e alunas, professores possam fazer pesquisas nesta área, contribuindo na coleta de dados sobre o tráfico de pessoas e publicação de materiais.
A terceira colocação foi realizada pela Maria das Graças Soares Prola - Secretaria da Assistência Social do Estado, que abordou a questão do Tráfico de mulheres, crianças e adolescentes para fins de exploração comercial.
Em Manaus se encontra a figura do agenciador, que se colocava nas praças e observava as mulheres e crianças para depois abordá-las e fazer a proposta de exploração sexual. O mercador é o responsável de fazer o transporte, normalmente burlando a lei, com trânsito nos órgãos públicos, realizando o tráfico utilizando documentação falsificada. O receptor tem a finalidade de acolher a pessoa traficada no local de destino, segurar os documentos até a quitação da dívida. O tráfico tem capilaridade em todos os estados e países, por ser um crime organizado.
Em Manaus, as ações do governo são: presença efetiva nas festas culturais em toda a região por meio de panfletagem, presença nos Centros de Referência da Assistência Social e Centro de Referência Especializada de Assistência Social - CREAS; Centro de Referência da Mulher; Disque Denúncia 100, 180; atividades em conjunto com o turismo; projetos vinculados com crianças e adolescentes em horário oposto ao escolar. Após as colocações, foram feitas diversas perguntas, dando ênfase as ações de prevenção e repressão ao tráfico de pessoas na região amazônica.
Irmã Roselei Bertoldo, ICM, socializou a forma com que a Rede Um Grito Pela Vida se articula nos diversos estados e as ações que a mesma desenvolve em nível nacional e local, trazendo presente as atividades desenvolvidas na Amazônia. Salientou a dificuldade em abordar o tema nos diversos espaços, pois há um silêncio muito grande na sociedade com relação a esta problemática.
Em Manaus, ultimamente os meios de comunicação tem divulgado muitos nomes de pessoas desaparecidas, isso não significa que todos eles tem sido para o tráfico, porem é necessário que se desconfie e se faça investigações, pois dois casos de adolescentes desaparecidas foram aliciadas para a exploração sexual e esta sob investigação da policia federal, isso nos alerta para estarmos atentas.
Ainda ressaltou a necessidade de uma articulação mais ampla com as instituições, para poder realizar um trabalho integrado de enfrentamento, uma vez que a rede do tráfico é bem organizada.
Professora Márcia Oliveira, socializou a pesquisa realizada sobre o Tráfico internacional de mulheres da Amazônia para Espanha, trazendo presente elementos com que fazem as mulheres migrarem e as formas de aliciamento das mesmas. Ressaltou a importância da pesquisa e o objetivo é problematizar o tema e a atuação das redes internacionais do tráfico de mulheres do Amazonas, considerando essa questão como um dos piores atentados contra os direitos humanos e uma das mais perversas formas de violência contra as mulheres no mundo atual; Estudar o tráfico e o comércio internacional de mulheres na Amazônia e o estudo de gênero com a finalidade de desnaturalizar e desculturalizar a temática, visando a perspectiva da desconstrução; Oferecer elementos teóricos, a luz do estudo de gênero, para manter um debate permanente do tema em nível internacional; Despertar a consciência de que se trata de um problema que envolve tanto a sociedade de origem como a sociedade de destino do tráfico de mulheres.
A pesquisa foi realizada com jovens amazonenses que foram traficadas para a Espanha e hoje fazem parte do sistema rotativo dos clubes espanhóis, trabalhando até 15 horas de trabalho diário, de forma informal e que encontram de forma irregular no país. Trouxe e presente - Dividas contraídas pelas vítimas - passagens; o processo permanente de endividamento - alojamento, comida, multas cobradas por qualquer infração ou falha.
A necessidade de realizar um trabalho de enfrentamento ao tráfico de pessoas, de formação e sensibilização da sociedade sobre este problema, fazendo com que as pessoas estejam informadas e não caiam na trama do tráfico.
O grupo foi provocado a levantar algumas atividades ou ações possíveis para o enfrentamento ao tráfico de pessoas na região amazônica: Ampliar a rede de enfretamento ao tráfico de pessoas; estar mais presentes nas escolas e auxiliar as secretarias de educação a colocarem em prática o Plano Nacional Enfrentamento do Tráfico de Seres Humanos; fazer uma
grande caminhada de conscientização no início de 2013; articular uma comissão de representatividade de todos os segmentos que abordam a temática e conversar com os novos dirigentes municipais, bem como os estatuais, para exigir um trabalho mais efetivo em relação ao tráfico de pessoas; ampliar os debates e estudos de pesquisa; atuar nos municípios, em especial onde acontecem as festas temáticas e nas fronteiras que tem maior índice de rotas do tráfico em nossa região; aproveitar a CF 2014 para desenvolver um processo de formação junto as paróquias e comunidades, tendo uma maior abrangência da população, em especial as mais vulneráveis.

David Tuniz integrante da Rede, apresentou alguns aspectos do Seminário Internacional, o qual participou na Italia, com o tema: O fenomeno della tratta a scopo di sfruttamento sessuale e il suo indotto (O fenômeno do tráfico por exploração sexual e suas implicações) que aconteceu na Itália, no dia 08 de outubro de 2012, destacando que a Itália é um dos maiores países do destino de pessoas para exploração sexual e trabalho escravo, pois o custo é baixo. Os clubes italianos que trabalham com a exploração sexual apresentam as jovens como se fossem verdadeiras mercadorias, com elaboração de cardápios que destacam suas características: mansa, pode bater - mas só um pouco. Outra coisa alarmante desse comércio de violação dos direitos humanos.
O seminário foi concluído com o ritual de lançamento do livro Tráfico de Mulheres na Amazônia, de Iranildes Caldas Torres e Márcia Maria de Oliveira, o que muito vem a contribuir com a prevenção ao trafico de pessoas na Amazônia.
Ir. Fabiana agradeceu a todos e todas que contribuíram para a realização deste Seminário, bem como todos os participantes. O trabalho é grande e árduo, mas não podemos desanimar, porque muitas vítimas estão clamando por dignidade e justiça.
Rede em organizar, “em preparar e realizar o Seminário, que pela sua temática nos causa espanto, mas solicita um compromisso”. O bispo afirmou que o tráfico de pessoas é uma moderna forma de escravidão, que abrange muitas pessoas no mundo todo e disse que “é impossível ficar indiferente diante desse problema que vitima muitas pessoas.” Jesus no evangelho diz: Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância. Enquanto todos não tenham essa vida em abundância, faz se necessário o nosso trabalho. A CRB tem linhas que apontam para a defesa da vida, que é dom de Deus e, está no centro da missão de Jesus. As Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja apela que a vida de muitos excluídos, marginalizados, traficados contradizem o plano de vida em abundância. O Documento de Aparecida, quando fala da dignidade humana, chama-nos a atenção dos novos rostos sofredores, que são 23, dentre eles o tráfico humano, que está no quarto lugar. Como seguidores de Cristo não podemos nos calar diante da ausência de dignidade da vida. Esse seminário é um momento de comprometer-se, de refletir e tomar uma postura. Esse espaço é um grito pela vida, abrir os olhos e estender as mãos para ajudar as pessoas traficadas para exploração sexual, venda de órgãos ou trabalho escravo.
Levítico 25, 38-43 - Eu sou Javé o seu Deus, que vos tirei do Egito e de dar a terra de Canaã.... É um texto que nos convida em dar um grito em favor da vida, para que se rompa, se erradique o ciclo vicioso do tráfico de pessoas. Finalizou suplicando as bênçãos de Deus sobre todos.

Ir. Paulina Pavéz Lagos, Coordenadora Regional da CRB - AM/RR, sensibilizou o grupo por meio da dinâmica de fechar os ouvidos, os olhos e a boca, não permitindo ouvir, ver, falar. As pessoas que são traficadas também são caladas. Portanto, essa Rede nos chama a direcionar as nossas ações para a defesa da vida, indo até as fronteiras da realidade humana e nos sensibilizar com a dor e sofrimento dos irmãos e irmãs. A família é a primeira vítima em relação ao tráfico, porque estão excluídas das necessidades básicas: comida, trabalho, educação, saúde, moradia, lembrou o texto do bom samaritano, que estava a caminho, mas deixou-se sensibilizar pela necessidade do ferido, da pessoa que estava vulnerável e restabeleceu sua dignidade.
É necessário unir forças e acreditar na vida e na felicidade, mas para isso é preciso abrir nossos olhos, ouvidos e boca e gritar e investir nesta ação. Vamos fortalecer essa rede, somar, comprometer-se. O apelo está lançado. Sejamos livres e façamos opção pela liberdade.
Na mesa de debate, contamos com a contribuição do senhor Sérgio Lúcio Mar dos Santos Fontes - Superintendente da Polícia Federal do Amazonas, que afirmou: “A Polícia Federal se apresenta como órgão oficial de investigação de casos de tráfico de pessoas, por se tratar de crimes internacionais (e interestaduais). A fiscalização nas fronteiras também faz parte da sua competência, além da expedição de passaportes”.
Os países possuem as suas fronteiras abertas, porém como são, na sua grande maioria, extensas, permitem o tráfico de pessoas, armas, drogas, produtos e outros contrabandos, a Polícia Federal tem grande dificuldade de controlar o tráfico, principalmente humano, por ser a terceira economia mundial ilícita. Prosseguiu a apresentação, trazendo diversos elementos que coíbe o tráfico, ainda afirmou que qualquer iniciativa para tirar o problema das sombras, ajudar a refletir e auxiliar no combate contra o tráfico de seres humanos para exploração sexual, trabalho escravo ou tráfico de órgãos é louvável e necessário. O estado e a sociedade, infelizmente são a parte mais fraca. O tráfico é mais forte e organizado, por se tratar, principalmente, de uma das economias mais rentáveis, porém extremamente ilegal.
Valiosa a contribuição da professora Iraildes Caldas, onde afirma que o tráfico de mulheres é uma ferramenta moderna de escravidão, de rapto e cerceamento de liberdade, que assume formas sofisticadas com característica empresarial de um grande negócio, tal qual representou o tráfico negreiro para o capitalismo nas sociedades modernas.
O Brasil é o maior exportador de mulheres das Américas. Envolvidas pela fala macia dos aliciadores, que lhes fazem falsas promessas de melhoria de vida, casamento no exterior e escalada econômica rápida, meninas e mulheres embarcam numa viagem de terror. Todos os anos, cerca de 60 mil brasileiras são vitimas do tráfico de pessoa (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA/2007). Ao todo, o mercado movimenta cerca de 2,5 milhões de pessoas e mais de US$ 32 bilhões (50 bilhões de reais), afirma o UNODC – Escritório da ONU sobre Drogas e Crime. Só perde para o comércio de drogas como crime organizado.
Ressalta que a pesquisa é uma ferramenta que auxilia o Estado, para que dê passos no combate ao tráfico de pessoas, pois o problema existe e vitimiza muitas vidas.
Não se pode deixar de reconhecer que o Brasil deu um passo à frente com a implantação do I Plano Nacional, principalmente porque instituiu núcleos de enfrentamento ao tráfico nos estados. São Paulo é o Estado onde o núcleo encontra-se em situação mais avançada.
O Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas prevê a criação de centros de atendimento específicos para as mulheres que retornam ao seu país. A articulação com redes de atenção no exterior é outra intenção do Plano, já que muitas instituições que cuidam de brasileiras traficadas não sabem para aonde encaminhá-las quando são resgatadas, para enviá-las de volta aos seus países. Ressaltou a importância das universidades abrirem editais para que alunos e alunas, professores possam fazer pesquisas nesta área, contribuindo na coleta de dados sobre o tráfico de pessoas e publicação de materiais.
A terceira colocação foi realizada pela Maria das Graças Soares Prola - Secretaria da Assistência Social do Estado, que abordou a questão do Tráfico de mulheres, crianças e adolescentes para fins de exploração comercial.
Em Manaus se encontra a figura do agenciador, que se colocava nas praças e observava as mulheres e crianças para depois abordá-las e fazer a proposta de exploração sexual. O mercador é o responsável de fazer o transporte, normalmente burlando a lei, com trânsito nos órgãos públicos, realizando o tráfico utilizando documentação falsificada. O receptor tem a finalidade de acolher a pessoa traficada no local de destino, segurar os documentos até a quitação da dívida. O tráfico tem capilaridade em todos os estados e países, por ser um crime organizado.
Em Manaus, as ações do governo são: presença efetiva nas festas culturais em toda a região por meio de panfletagem, presença nos Centros de Referência da Assistência Social e Centro de Referência Especializada de Assistência Social - CREAS; Centro de Referência da Mulher; Disque Denúncia 100, 180; atividades em conjunto com o turismo; projetos vinculados com crianças e adolescentes em horário oposto ao escolar. Após as colocações, foram feitas diversas perguntas, dando ênfase as ações de prevenção e repressão ao tráfico de pessoas na região amazônica.
Irmã Roselei Bertoldo, ICM, socializou a forma com que a Rede Um Grito Pela Vida se articula nos diversos estados e as ações que a mesma desenvolve em nível nacional e local, trazendo presente as atividades desenvolvidas na Amazônia. Salientou a dificuldade em abordar o tema nos diversos espaços, pois há um silêncio muito grande na sociedade com relação a esta problemática.
Em Manaus, ultimamente os meios de comunicação tem divulgado muitos nomes de pessoas desaparecidas, isso não significa que todos eles tem sido para o tráfico, porem é necessário que se desconfie e se faça investigações, pois dois casos de adolescentes desaparecidas foram aliciadas para a exploração sexual e esta sob investigação da policia federal, isso nos alerta para estarmos atentas.
Ainda ressaltou a necessidade de uma articulação mais ampla com as instituições, para poder realizar um trabalho integrado de enfrentamento, uma vez que a rede do tráfico é bem organizada.
Professora Márcia Oliveira, socializou a pesquisa realizada sobre o Tráfico internacional de mulheres da Amazônia para Espanha, trazendo presente elementos com que fazem as mulheres migrarem e as formas de aliciamento das mesmas. Ressaltou a importância da pesquisa e o objetivo é problematizar o tema e a atuação das redes internacionais do tráfico de mulheres do Amazonas, considerando essa questão como um dos piores atentados contra os direitos humanos e uma das mais perversas formas de violência contra as mulheres no mundo atual; Estudar o tráfico e o comércio internacional de mulheres na Amazônia e o estudo de gênero com a finalidade de desnaturalizar e desculturalizar a temática, visando a perspectiva da desconstrução; Oferecer elementos teóricos, a luz do estudo de gênero, para manter um debate permanente do tema em nível internacional; Despertar a consciência de que se trata de um problema que envolve tanto a sociedade de origem como a sociedade de destino do tráfico de mulheres.
A pesquisa foi realizada com jovens amazonenses que foram traficadas para a Espanha e hoje fazem parte do sistema rotativo dos clubes espanhóis, trabalhando até 15 horas de trabalho diário, de forma informal e que encontram de forma irregular no país. Trouxe e presente - Dividas contraídas pelas vítimas - passagens; o processo permanente de endividamento - alojamento, comida, multas cobradas por qualquer infração ou falha.
A necessidade de realizar um trabalho de enfrentamento ao tráfico de pessoas, de formação e sensibilização da sociedade sobre este problema, fazendo com que as pessoas estejam informadas e não caiam na trama do tráfico.
O grupo foi provocado a levantar algumas atividades ou ações possíveis para o enfrentamento ao tráfico de pessoas na região amazônica: Ampliar a rede de enfretamento ao tráfico de pessoas; estar mais presentes nas escolas e auxiliar as secretarias de educação a colocarem em prática o Plano Nacional Enfrentamento do Tráfico de Seres Humanos; fazer uma
grande caminhada de conscientização no início de 2013; articular uma comissão de representatividade de todos os segmentos que abordam a temática e conversar com os novos dirigentes municipais, bem como os estatuais, para exigir um trabalho mais efetivo em relação ao tráfico de pessoas; ampliar os debates e estudos de pesquisa; atuar nos municípios, em especial onde acontecem as festas temáticas e nas fronteiras que tem maior índice de rotas do tráfico em nossa região; aproveitar a CF 2014 para desenvolver um processo de formação junto as paróquias e comunidades, tendo uma maior abrangência da população, em especial as mais vulneráveis.

David Tuniz integrante da Rede, apresentou alguns aspectos do Seminário Internacional, o qual participou na Italia, com o tema: O fenomeno della tratta a scopo di sfruttamento sessuale e il suo indotto (O fenômeno do tráfico por exploração sexual e suas implicações) que aconteceu na Itália, no dia 08 de outubro de 2012, destacando que a Itália é um dos maiores países do destino de pessoas para exploração sexual e trabalho escravo, pois o custo é baixo. Os clubes italianos que trabalham com a exploração sexual apresentam as jovens como se fossem verdadeiras mercadorias, com elaboração de cardápios que destacam suas características: mansa, pode bater - mas só um pouco. Outra coisa alarmante desse comércio de violação dos direitos humanos.
O seminário foi concluído com o ritual de lançamento do livro Tráfico de Mulheres na Amazônia, de Iranildes Caldas Torres e Márcia Maria de Oliveira, o que muito vem a contribuir com a prevenção ao trafico de pessoas na Amazônia.
Ir. Fabiana agradeceu a todos e todas que contribuíram para a realização deste Seminário, bem como todos os participantes. O trabalho é grande e árduo, mas não podemos desanimar, porque muitas vítimas estão clamando por dignidade e justiça.

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