segunda-feira, 4 de março de 2013

V Encontro Nacional da Rede Um Grito pela Vida


por Rogeria Araujo *
Jornalista Adital

Como está o nosso mundo? Com este chamado à reflexão, a mística do encontro de religiosas que formam a Rede um Grito pela Vida abriu os trabalhos do evento que se realiza desde ontem (12), em Goiânia (Goiás) e que tem como foco um dos problemas mais sérios do mundo globalizado: o tráfico de seres humanos.
Os últimos dados – da Organização das Nações Unidas – mais recentes dão conta da dimensão deste problema: cerca de 2,45 milhões de pessoas em todo o mundo são vítimas de tráfico em condições de exploração. Desse total, 80% são mulheres e crianças. No contexto da mercantilização, o tráfico com fins sexuais movimenta cerca de 12 milhões de dólares por ano.
O cenário, então, exige mobilização e muito trato, no que diz respeito ao cumprimento dos direitos humanos. E é por esse motivo que, em termos de Brasil, a Rede um Grito pela Vida, formada em 2006, e ligada à Conferência das (os) Religiosas (as), a CRB, vem se mobilizando. Desafios, estratégias, ações, experiências exitosas, foram alguns dos assuntos tratados pelas participantes deste que é o quinto da Rede.
No Brasil, afirma a irmã Gabriella Bottani, o desafio é muito grande. Como país de origem, trânsito e também de destino, a nação brasileira tem aspectos culturais que são distintos em por regiões. Então, para cada um dos estados a política de enfrentamento, ações e mobilizações devem respeitar essas naturezas.
Durante a apresentação de hoje (13), foram colocados, por exemplo, a situação da região Nordeste, onde as cidades litorâneas, com forte fluxo turístico, terminam alimentando também, através do turismo sexual, o tráfico de pessoas. Do outro lado do país, na região Norte, o crime já se dá através das áreas portuárias.
"Desvendar esses elementos culturais que tornam o assunto mais complexo, lidar com eles, também é um grande desafio. O país tem uma extensão muito grande e culturas variadas, por isso a importância de agirmos regionalmente”, disse a religiosa.
Bottani cita ainda a impunidade relacionada ao tráfico de seres humanos. "De todos, acho que é o no nosso principal desafio”, disse, acrescentando que ao se está lidando com um problema que é visível, mas que é ‘invisibilizado' por conta de outros interesses.
Também não é por acaso que o encontro da Rede acontece em Goiás. Segundo dados da Polícia Federal, o estado ocupa o primeiro lugar quando o assunto é tráfico de pessoas, de mulheres, sobretudo. As últimas informações divulgadas pelo Ministério da Justiça, em 2010, afirmam que 18% dos casos deste crime envolvem o estado.
O Encontro
Além de obter um panorama de como andam as atividades realizadas pela Rede, a programação inclui as ações futuras que devem ser realizadas, dentre elas está a preocupação com a relação ‘tráfico de pessoas e Copa do Mundo'. Também haverá eleição da nova articulação e definição do planejamento para o período 2012-2014.
"O encontro é o momento que temos para dar visibilidade às nossas ações, conhecermos quais são nossos obstáculos. É um momento de partilha, de troca de experiência, quais nossos avanços e desafios”, falou.

outros artigos de Rogêria Araujo sobre o V encontro nacional da Rede Um Grito pela Vida encontram-se no site de Adital
 www.adital.com.br

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